SOBRE SERMOS SERES DE ROTINAS E COMO ISSO SE REFLETE NA FORMA COMO TRABALHAMOS
Por natureza, sou uma pessoa de reflexão. E digo isto “por natureza”, porque na verdade não me recordo de onde vem. Creio que será uma daquelas coisas antigas, e que no meu caso, foi alimentada de alguma forma. Creio que será uma vontade de “conhecer” coisas. Conhecer melhor o que está fora, e também o que está dentro.
Na minha perspetiva, refletir, acrescenta-me valor em tudo o que faço.
Hoje gostava de partilhar uma reflexão sobre a forma como (às vezes) trabalhamos.
Quantas vezes nos deparamos com desafios e tentamos empurrar com a barriga uma tarefa apenas porque é diferente daquelas que fazem parte das nossas rotinas?
O ser humano é um ser de hábitos. Gostamos de coisas que conhecemos. Acredito que, de um modo geral, estamos mais confortáveis em fazer coisas repetidas do que a fazer coisas que nunca fizémos. Preferimos Coisas que sabemos como são, e que são previsíveis do que coisas novas. Causa menos desconforto repetir… e repetir… e repetir, do que sentar e pensar: como é que vou fazer isto?
Estás a sentir aquele desconforto de ter que fazer uma tarefa nova? Uma daquelas tarefas que está fora da rotina mas que alguém já percebeu que precisa de ser feita?
Aquela tarefa que tu próprio sabes que vai melhorar o teu trabalho, mas que arranjas sempre forma de evitar e pegar numa coisa mais rotineira. Ou aquela tarefa que foi falada na reunião de equipa mas que tentamos todos empurrar para o lado porque de alguma forma nos é mais “desconfortável”…
Então eu gostava de arriscar dizer que… essa é provavelmente a tarefa mais importante da tua semana de trabalho.
Quando percebemos que somos impostores… e que minamos o nosso próprio trabalho… e que isto é apenas programação… fica tudo mais fácil.
Porque na realidade… basta-nos fazer esta pequena reflexão para percebermos quando estamos a fugir à tarefa. É fácil. Acredito que a maioria de nós sabe e sente quando está a fugir da tarefa.
A forma de resolver isto é bastante simples.
Quando somos verdadeiros e transparentes conosco próprios. Sabemos que estamos todos os dias sujeitos a ser apenas… suficientes.
À luz disto, é fácil. Só precisamos de parar e reconhecer que estamos em “mais uma daquelas situações”.
E quando reconhecemos a situação como “mais uma daquelas” em que estamos a querer fugir da tarefa (seja por medo dela ou por desejo de rotina) temos tudo na mão para sorrir e dizer
“hmmm… eu sei que tu queres fazer isto porque te é mais simples. É mais fácil e dá mais jeito. Mas… lamento…. se estou aqui para tentar fazer algo com valor, sei bem o que tenho que fazer. E hoje é o dia em que vou fazer.”
Esta energia de controlo; esta capacidade de dizer não aos nossos primeiros reflexos rotineiros, é o que vai fazer-nos chegar ao fim do dia de trabalho com uma energia vencedora. Com um sentimento de “acomplishment”.
Porque na verdade… essa é a recompensa do trabalho. É o chegar ao fim do dia e sabermos que vencemos a tarefa. Que resolvemos a dificuldade.
Olha para as tuas tarefas e não te desvies daquela tarefa. Cada dia que desvias estás a minar a tua auto-confiança e a tua capacidade de realizar o teu potencial.
Olha-a de frente, pega numa folha em branco e começa. Chegado aqui, o mais difícil já ficou para trás.
António Vilaça Pacheco