Sempre gostei do meu sossego, dos momentos em silêncio. Mas um silêncio forçado, passado pouco tempo, começa a incomodar. Há mais tempo para pensar em tudo, para dar voltas e voltas à cabeça com coisas que não interessam assim tanto.
Um início de quarentena cinzento em que as séries, os livros e os filmes fizeram passar o tempo rápido e disfarçadamente e o sono não vinha. Um medo instalado com incertezas, com a obrigatoriedade de nos mantermos longe de quem gostamos, a proibição da liberdade, de poder ir tomar um café, estar à beira mar, de poder ir passear o meu cão sem estar sempre a evitar pessoas.
Muitas destas coisas começaram a mexer com a minha cabeça e, instalou-se o pandemónio. Então como vou eu lidar com isto ?
É verdade, foi um início cinzento… mas depressa passou quando comecei a definir as minhas rotinas, os meus objetivos, voltar a fazer coisas que nunca teria tempo não trabalhando a partir de casa.
De volta à pintura, espalhar as tintas por todo o lado e dar uso à imaginação, a diferença é que antes não tinha um gato com 6 meses, portanto o meu Simba amarelo tigrado, passou a ser de todas as cores possíveis. Acho, ou aliás, tenho a certeza que esta quarentena infinita foi mais fácil com a companhia deste pestinha, mesmo que não me deixe trabalhar e goste de se deitar em cima do computador, espalhar as folhas, entre muitas outras asneiras, fez-me (e faz) muita companhia.
Assim como o meu cão Tobias que ficou mais feliz com esta quarentena do que se possa imaginar, um cão mimado que adora os seus passeios no campo. E claro que se ele já passeava muito agora fazia passeios aventureiros a descobrir caminhos e paisagens incríveis nesta aldeia que fica, como diz a minha avó, “atrás do Sol posto”.
Ahh! Claro que também tentei fazer pão e bolos, mas não há barriguinha que aguente ! E aprender croché com a avó? Que desgraça… nem uma almofada, nem um pano saiu dali. Também foi engraçado redecorar a zona de trabalho, já que iria passar mais tempo ali, dar animo à coisa, mas colar papel de parede não é muito divertido sozinha (muito menos com um gato…).
E quando os dias passam e não se vê um fim para isto, começa a saudade… a saudade de brincar com os sobrinhos e das conversas da mana, o café com os amigos aos fim-de-semana, a saudade do abraço do namorado, que por mais chamadas de video que façamos, a distância sobrepõe-se. E as saudades de dançar…
De entrar naquele salão, calçar os sapatos, ouvir a música e simplesmente dançar. Começámos a reinventar a fazer treinos online. Sem contacto, obviamente, com os pares e com muita falta de espaço, mas a melhor sensação de todo este tempo foi voltar a calçar os sapatos, dançar num corredor minúsculo e ouvir aqueles gritos amorosos do treinador “estiquem as pernas, estiquem os braços, não olhem para o chão…”. Voltámos aos pés feios, aos músculos doridos (obrigada Ricardo ahah), mas com o coração cheio e a mente descansada. E tenho de agradecer a paciência infinita dos meus pais que, com muito amor, lhes peço para mover toda a mobília, todos os dias de treinos, os expulso da sala e fecho a porta para poder dançar durante duas horas.
Não era preciso uma pandemia para me lembrar da importância que é estar com as pessoas importantes para mim. Não era preciso um corte obrigatório de liberdade para me lembrar do quanto gosto de passear de mão dada à beira-mar. Não era preciso uma restrição de proximidade social para saber o quanto gosto de estar no café com os meus amigos ao fim-de-semana a falar de tudo e de nada. Não era preciso restrição do toque para saber o quão importante a dança é para mim e para a minha sanidade mental. Não era preciso ficar obrigatoriamente em casa para me lembrar de mimar sempre o Simba e o Tobias.
Tudo isto não era preciso, mas foi necessário e por mais que tudo isto pareça agora um pandemónio, a verdade é que deu para valorizar ainda mais momentos simples, como ler um livro à varanda, com o sol na cara e o ar puro da aldeia.
Agora a Self. A Editora Self é relativamente nova na minha vida e tem sido uma boa surpresa. Não só a nível laboral como a nível pessoal.
E muitos livros me passam rapidamente pelas mãos, mas há um que se destacou pela curiosidade que eu tinha de desmistificar algumas coisas em relação à alimentação. O Paradoxo da Longevidade. Um livro que nos ajuda a perceber as coisas maioritariamente simples que podemos fazer para viver uma vida mais saudável, não só viver mais, mas também melhor.
Também gosto muito de livros de ficção e, apesar de ainda não ter lido todos os livros desta trilogia, Magia de Papel, Magia de Vidro e Magia de Mestre, são livros que despertam a minha curiosidade por causa do meu gosto pessoal. Gosto pela aventura o mistério, mesmo que seja mais sombrio ou bizarro, são livros que recomendo para quem tenha um gosto mais de fantasia e ficção como eu.
Beatriz Vieira