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Filhos: criar uma autoestima sólida

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Na maior parte dos casos, os adolescentes passam a vida a comparar‐se uns aos outros, construindo identidades falsas para agradarem e serem aceites nos respetivos grupos e meios sociais. Na verdade, os adultos também são, muitas vezes, acossados por este tipo de conflitos internos. Regulamos, demasiadas vezes, a nossa maneira de ser de acordo com aquilo que os outros acham que somos.

Muitas vezes, adolescentes e adultos esquecem que é precisamente no nosso interior que se encontra o amor que tanto desejamos, escondido sob o nome «autoestima».
A autoestima define‐se pela forma como nos valorizamos e pela consideração que temos pelos nossos valores, sentimentos e projetos. É uma necessidade básica de todo o ser humano. Não obstante, esta necessidade é, demasiadas vezes, mal compreendida.

De que forma podemos ajudar os nossos filhos adolescentes a adquirir uma autoestima sólida? O primeiro passo consiste em prepararmo‐nos com doses enormes de paciência. Tudo começa com o esforço para os criticarmos menos e começarmos a apoiá‐los e valorizá‐los pelas pessoas que são e não pelas que achamos que deveriam ser. Os objetivos desta tarefa árdua são que aprendam a aceitar‐se melhor, que desenvolvam o seu próprio pensamento crítico — porque sentem que os ouvimos e respeitamos quando falam — e que vão desenvolvendo gradualmente o seu sentido de responsabilidade. Se se sentirem seguros, conseguirão aceitar melhor o que vão descobrindo sobre quem e como são. Deste modo, tomarão consciência das suas capacidades e potencialidades e poderão aprender a aceitar as suas limitações, sem as negarem mas também sem se recriarem nelas.

Que recursos temos que nos permitam ajudar a desenvolver a autoestima dos nossos filhos:

  • Demonstrar que os amamos. Não basta dizê-lo. Temos de agir em conformidade, o que pressupõe dedicarmos‐lhes o tempo necessário, desenvolver atividades em conjunto e empregar ao máximo a comunicação assertiva e a audição empática;
  • Apoiá-los nas suas preocupações e aos seus interesses. É muito importante que se sintam apoiados por nós, pois isso encoraja‐os a partilharem mais das suas vidas connosco e aumenta‐lhes a sensação de segurança;
  • Ajudá-los a estabelecer metas e celebrar com eles as suas vitórias. Podemos, ainda, recordar‐lhes de vez em quando que estamos orgulhosos deles e especificar o(s) motivo(s). Encorajá‐los a praticar desporto é mais uma boa estratégia, especialmente se se tratar de um desporto de equipa, pois este tipo de desportos fomenta o companheirismo e inclui a cultura do esforço;
  • Por fim, abandonar a crítica e começar a falar dos aspetos que podem ser melhorados. Não se trata de os menosprezar, mas de os ensinar a procurar formas novas e mais eficazes de fazerem as coisas.
A construção de uma autoestima sólida é um elemento-chave no estabelecimento de relações saudáveis com as pessoas que nos rodeiam, relações essas que devem basear‐se no respeito mútuo. Para que os nossos filhos consigam isto, temos de os ensinar a alcançar a autoconfiança, que é o melhor antídoto contra o medo de avançar, que os paralisa.

Se acreditarmos neles e nas suas potencialidades, transmitir‐lhes‐emos a noção de que também podem confiar em si próprios. Talvez deixem de se sentir tão presos às opiniões alheias a partir desse momento e sejam capazes de tomar as rédeas da sua própria vida, responsabilizando‐se pelos seus atos e decisões.

Mais do que escondermo‐nos atrás da máscara do que julgamos agradar aos outros, a autoestima permite‐nos ser os verdadeiros protagonistas das nossas vidas, e aos nossos filhos permite‐lhes tornarem‐se os protagonistas das suas.

Em Esta casa não é um hotel, Irene Orce, Self

Irene Orce: Leciona na Faculdade de Economia da Universidade de Barcelona (UB) no mestrado de Desenvolvimento Pessoal e Liderança. Desde jovem que iniciou a sua jornada de autoconhecimento, adquirindo conhecimentos e formando-se com ferramentas como o Eneagrama e a Programação Neurolinguística. Em 2009 concluiu o seu mestrado em Liderança e Coaching Pessoal na UB, no seguimento do qual criou a “Metodologia Metamorfosis”. Este método destina-se a acompanhar profissionalmente as pessoas que querem desenvolver o seu potencial para construir uma vida mais coerente com os seus verdadeiros valores e necessidades.