
Nos moldes da sociedade ocidental o trabalho assumiu uma importância ainda maior no bem-estar das pessoas, não só porque é a sua fonte de rendimento mas também porque é onde as pessoas passam a maior parte das suas horas “úteis” diárias e por isso, torna-se difícil conseguir estar bem se, na maior parte do nosso dia estamos num local que nos causa ansiedades, receios ou até situações de confronto.
Não vamos falar sobre termos um trabalho com o qual nos identificamos, onde nos sentimos realizados e valorizados. Onde conseguimos investir no nosso desenvolvimento e mostrar as nossas mais-valias.
Vamos falar de conseguirmos estar num emprego onde não nos sentimos intimidados e onde não nos confrontamos diariamente com os nossos medos. Eis alguns dos receios mais comuns e algumas dicas de como ultrapassá-los:
Medo de Falhar
Todos nós já vivemos o medo de falharmos ou de errarmos no desempenho das nossas funções. Porque temos um cargo novo, porque as tarefas que desempenhamos têm um grande impacto na empresa, ou simplesmente porque estamos num ambiente competitivo, são várias as razões que nos levam a ter receio de falhar. E esse medo acaba muitas vezes por comprometer o nosso desempenho.
Como podemos ultrapassá-lo?
Criar métodos que nos ajudem a minimizar as possibilidades de erro, perguntar em caso de dúvidas, mantermo-nos concentrados são algumas ferramentas que podemos utilizar. Mas o fundamental é relativizar o medo de falhar. Todos os que estão à nossa volta têm receio: chefes, colegas, estamos todos sobre essa pressão. O erro é algo que pode acontecer e nessa situação o importante é a aprendizagem que podemos retirar e as mudanças que podemos fazer.
O erro é experiência e ajuda-nos a fazer melhor, a antecipar problemas, a otimizar a nossa atividade.
Medo de nos expormos
Partilhar as nossas ideias, falar em público, ou qualquer situação em que sentimos que os olhos estão postos em nós, o medo de nos expormos está ligado ao receio de sermos julgados, não aceites ou simplesmente de nos sentirmos intimidados.
No entanto, um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology mostra que pessoas que mostram a sua vulnerabilidade acabam por conseguir ganhar a confiança e o respeito dos que os rodeiam, criando-se relações de cooperação e ajuda entre as pessoas.
Identificar os nossos pontos menos fortes e investir na sua melhoria e desenvolvimento é o primeiro passo para conseguirmos diminuir o número de situações em que temos receio de estar expostos. Tem medo de falar em público? Faça formações, coloque-se em situações que consegue controlar mas onde possa treinar os skills necessários. Exemplo: integrar um grupo de teatro, falar em grupos onde nem todas as pessoas são suas conhecidas. Confiarmos em nós, aceitarmos o erro e sabermos que não coloca em causa o nosso valor torna-nos menos “permeáveis” e minimiza o impacto que a análise dos outros poderá ter na nossa auto-estima e no nosso desempenho.
Medo da mudança
Nós somos criaturas de hábitos e se por um lado nos queixamos da rotina, de um trabalho sem novidades e desafios, a verdade é que quando a mudança aparece, todas as nossas dúvidas vêm ao de cima e de repente deixa de ser um cenário positivo.
Porque receamos a mudança? É importante perceber porque nos deixa desconfortáveis, porque nos sentimos fora da nossa zona de conforto?
Nas organizações muitas vezes as mudanças não são bem sucedidas por falta de comunicação. Se a comunicação não é clara e suficiente essa pode ser a causa do nosso desconforto. Deveremos procurar informação e resposta para que haja menos incertezas num cenário de mudança.
Falta de confiança pode ser outra das razões para sermos avessos à mudança. Receamos novas funções, novo ambiente de trabalho, porque é diferente e sentimos que não temos controlo. Focarmo-nos nos nossos pontos fortes, na nossa experiência e nas acções que podemos levar a cabo para nos ajustarmos mais facilmente, ajuda-nos a minimizar o impacto da mudança e dá-nos confiança neste novo cenário.
Medo do confronto
A relação que mantemos com os nossos colegas, chefias, clientes, parceiros influenciam bastante o ambiente de trabalho. Por vezes acabamos por tentar evitar situações de confronto para garantir o bom relacionamento com os que nos rodeiam. No entanto, isto pode revelar-se uma estratégia pouco sustentável. E por outro lado, não nos ajuda a superar os nossos receios.
Há que saber manter um relacionamento saudável no entanto sem deixar de comunicar a nossa posição e fazer o nosso trabalho. Situações de conflito em que as pessoas não têm a mesma opinião ou discordam sobre uma situação, é normal. Há que saber conviver com o desacordo, encará-lo naturalmente e aprender a negociar e a encontrar um ponto que satisfaça ambos os lados. Ouça o seu interlocutor, veja os pontos em comum, negoceie algumas cedências de parte a parte.
Descubra como é que aciona os seus medos
O primeiro passo para lidar com o medo é saber claramente como é que o criamos. Por exemplo, se estivermos com receio de uma reunião que teremos de liderar e pensamos que poderá correr mal, esta é a origem do medo. É este pensamento negativo futuro que aciona a sensação de medo. E quanto mais repetimos esse cenário na nossa mente, mais essas imagens se tornam prováveis para nós.
Pessoas confiantes não ignoram o medo. Têm uma forma natural de entender quando é racional ou quando tem poucos fundamentos e se intromete naquilo que queremos alcançar. Se estamos com receio da reunião que vamos ter, o medo deverá ser utilizado para nos ajudar a refletir no que podemos melhorar, o que podemos preparar e por outro lado trabalharmos a nossa confiança.