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Transitar ou transitar? Não há questão.

transitar
Vamos pensar sobre: Transições de ciclos escolares e académicos.

O regresso às aulas é um período muito peculiar, afecta não só os estudantes como todo o núcleo familiar. Nesta dinâmica há uma questão que não costuma ser abordada e que muitas famílias, em particular as mães, me têm pedido apoio – na gestão da transição de ciclo.

Tenham em mente as principais transições: 4º para 5º ano | 9º para 10º ano | 12º ano para ensino superior. À parte da adaptação que costuma acontecer em todos os anos lectivos, há a integração noutra realidade: nova escola, professores diferentes, mais disciplinas, horários mirabolantes e escolha de área de estudos.

Se as crianças e adolescentes da vossa família estão a passar por esta fase, aconselho um conjunto de estratégias que os meus coachees foram implementando e que podem ser usadas em simultâneo ou adaptadas ao contexto, a ideia é experimentar e perceber o que resulta na dinâmica familiar.

Estratégias

Incluir o estudante na escolha da escola: as questões logísticas, por vezes, falam mais alto e algumas famílias esquecem-se de consultar as crianças/adolescentes nesta fase. Apresentem as opções e façam a escolha em conjunto. Se não há um leque diverso de possibilidades, pesquisem a escola e apresentem-na ao seu futuro aluno e quem sabe fazer um tour em família.

Alinhar expectativas: antes da escola começar, num ambiente diferente, abordem a questão da transição de ciclo e entendam as principais expectativas, receios e objectivos do aluno. Tenham uma conversa sincera sobre estes temas e podem recorrer às vossas experiências pessoais para partilhar perspectivas.

Envolvimento na vida escolar: andamos tão assoberbados, num ciclo sem fim de tarefas que é provável que nos esqueçamos do básico. Não é necessário fazer-se diariamente, mas com alguma regularidade é relevante perguntar: Como correu o teu dia? Tens novidades? Precisas da minha ajuda em alguma tarefa? Tão essencial como este envolvimento é o exemplo dos responsáveis, partilhem como correu o vosso dia e mostrem interesse genuíno. Back to basics.

Registo dos desafios: um diário é uma enorme ajuda para as crianças e adolescentes. Tem a vantagem de praticarem a sua escrita e mais importante: podem descrever os seus dias, analisá-los e colocar os seus desafios em perspectiva.

Estas estratégias podem ser muito dinâmicas e criativas. Encontrem jogos, ambientes ou formas originais de as colocarem em acção. Farão parte do vosso plano “ano lectivo fantástico” e irão também potenciar momentos de união e partilha familiar.

Desejo um óptimo ano lectivo!

 

(este artigo rege-se pelo antigo acordo ortográfico)

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A Lei dos Ciclos

Ciclos

Desde Junho que assistimos, como em quase todos os anos, à temporada de furacões e tempestades que assolam regiões do Atlântico e Leste do Pacifico, nomes como o Furacão Irma, Havey, cada um com a sua intensidade, ficam na memória daqueles cujas vidas são afectadas, pelo rasto de destruição que fica na sua passagem. A esses directamente, mas a todos nós que assistimos à distância fica um sentimento profundo de impotência, empatia e compaixão perante um fenómeno tão intenso da Natureza.

É em momentos como esse, como também nas nossas “tempestades” pessoais, um divórcio, uma traição, uma morte, um despedimento, e que provocam a mesma devastação, física, emocional, psicológica, que nos questionamos sobre o sentido ou falta dele. Perante o caos aparente imaginamos um Universo sem sentido, e a Vida Humana atirada à sua sorte, à mercê de situações sem controlo. Assim parece, mas não corresponde à realidade.

Se observarmos com atenção percebemos na Natureza uma organização, uma ordem, de leis orquestradas num Universo inteligente. Vejamos o movimento da Terra, o ciclo das estações, o fluir das marés. Esta ordem que observamos designa-se de Leis Superiores ou Leis do Espírito. O conhecimento dessa lei ajuda-nos, quer a dar um sentido mais amplo à Vida, como também aumenta a nossa responsabilidade na forma como lidamos com a natureza, como lidamos e construímos a nossa vida, nos nossos hábitos, nas nossas escolhas.

Tribos ancestrais estavam muito conectadas com essas leis, conheciam-nas profundamente, especialmente na pessoa do Xamã, que orientava a comunidade, através de rituais como modo de alinhamento do ser humano com a natureza. Esse respeito, essa relação do Homem com a natureza perdeu-se. O conhecimento dessas Leis altera a nossa relação com o nosso poder pessoal, é o antídoto para o medo. Todo o conhecimento é poder e este era centralizado numa minoria. Estas leis eram do conhecimento secreto, na antiguidade, nas Sociedades Ocultistas.

A beleza do momento que vivemos actualmente é que todos temos acesso a essa informação. E o que sabemos dessas Leis é que a Vida é uma constante renovação, ciclos intermináveis de morte e renascimento, uma Never Ending Story, seres eternos.

O Mundo nunca irá acabar. Acaba na forma como o conhecemos, renova-se, é a Lei dos Ciclos. Capítulos encerram, outros abrem-se. Somos o herói da nossa história, construímos o argumento e o guião da história e livro da nossa vida. Qual o próximo capítulo da sua vida?

Shivai

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A terceira pausa

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​​​​​​​​​​“Há ciclos de sucesso, quando as coisas vêm até si e prosperam, e ciclos de insucesso, quando elas desaparecem ou se desintegram e você tem de se libertar delas para criar espaço para que surjam coisas novas ou para que a transformação aconteça (…) Não é verdade que o ciclo ascendente seja bom e o descendente seja mau (…) O desaparecimento é necessário para que apareça um novo crescimento. Não pode existir um sem o outro.” – Eckhart Tolle em O Poder do Agora

A primeira pausa aconteceu há quase doze anos. Era a pausa que a minha alma sonhadora pedia há algum tempo, mas que a minha cabeça realista teimava em dizer ser impossível. Acabou por ser o meu corpo sábio a impô-la na forma de um cancro. Foi assim que me vi obrigada a parar dez meses. E que frutos colhi eu dessa experiência?

Aprendizagens para a vida que me servem ainda hoje de farol: o meu corpo é uma máquina maravilhosa e perfeita; adoeço porque, em parte, o permito; embora ache que não, terei sempre força para ultrapassar os piores momentos; o optimismo (ou a fé) é fundamental para superar obstáculos; acreditar que sou capaz de vencer é meio caminho andado para o sucesso; ser paciente é fundamental; por vezes é preciso baixar a guarda e entregarmo-nos aos outros sem reservas, sobretudo aos que nos querem bem e sabem cuidar de nós; devo tirar o melhor partido da situação em que me encontro; não devo dar por adquirido o dia de amanhã; ter sonhos e projectos prolonga a vida; quem tem mãe, tem pai e tem irmão tem tudo.

A primeira pausa foi, portanto, um ciclo descendente apenas na sua aparência. Na verdade, correspondeu a um dos períodos em que mais amadureci. Tornei-me melhor pessoa.

A segunda pausa aconteceu há um ano e meio. Foi a pausa tantos anos sonhada e que persegui com determinação, método e entusiasmo. Foi o maior dos presentes de aniversário. Foi uma volta ao mundo. E o que confirmei eu dessa vez? Que os sonhos mais loucos podem tornar-se realidade se eu for persistente, focada e organizada; que sou capaz de gerir com eficácia um orçamento avultado, sem derrapagens; que posso e sei viver com pouco; que o nosso planeta é deslumbrante; que o mundo não é o que vejo no noticiário das 20h; que é mais aquilo que une os seres humanos do que aquilo que os separa; que há entre nós mais generosidade e compaixão do que egoísmo e ódio; que um sorriso genuíno, um coração sem preconceitos, o respeito pelo outro e uma escuta atenta do que ele tem para nos contar desbravam caminhos em qualquer continente; que preciso dar ouvidos à minha intuição e manter-me atenta aos sinais; que ter medo é bom; que a adrenalina do novo e do desconhecido me faz sentir viva; que parte de mim é nómada e precisa, volta e meia, de pegar na mochila e partir; que há vários pontos do globo onde poderia viver e ser feliz; que a liberdade é mesmo um dos meus valores fundamentais.

A segunda pausa foi, assim, um ciclo claramente ascendente. Um ciclo de sucesso durante o qual muito enriqueci. Tornei-me melhor pessoa.

A terceira pausa aconteceu este ano, entre o início de agosto e meados de outubro. A recente aposta numa aventura profissional em Cabo Verde revelou-se péssima. Foi a pior experiência de trabalho em quase vinte anos de vida no activo. Tudo o resto foi extraordinário, com principal destaque para os conhecimentos e as amizades que fiz entre cabo-verdianos (onde incluo aqueles com quem trabalhei) e expatriados de várias nacionalidades. As pessoas, claro, são sempre o melhor destas experiências e nesse aspecto sou muito abençoada. Mas nesta novela luso-crioula, algumas pessoas foram também o pior.

E o que aprendi eu? Que viver e agir de acordo com os meus valores e preferir deitar-me de consciência tranquila pode acarretar uma pesada factura; que, tal como com as pessoas, se identifico numa instituição valores desalinhados dos meus, devo afastar-me em vez de tentar mudar as coisas sozinha; que desistir, em certas ocasiões, não é um sinal de fraqueza, mas sim de sageza; que devo, de uma vez por todas, dar mais crédito às minhas primeiras impressões, sobretudo quando são más; que preciso ser mais perspicaz na identificação da perversidade e da manipulação para não cair nos seus vórtices aniquiladores; que ser despedida pode provocar uma enorme vontade de rir e não é, de todo, o fim do mundo.

No meu caso, foi um pretexto para parar, recuar, olhar para as minhas circunstâncias de forma abrangente, ponderar hipóteses para o futuro próximo, traçar cenários, tomar decisões, respirar fundo, erguer-me e agir.

A terceira pausa foi, portanto, um bom ciclo descendente. Acredito que me tornei melhor pessoa. E esse caminho está longe de ter chegado ao fim. Cá estarei para continuar a progredir ao ritmo das próximas vitórias e derrotas.