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3 coisas a fazer no caminho para a sua felicidade

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O que é ser feliz e bem-sucedido

Não foi assim há tanto tempo que a quantidade de dinheiro e bens que possuíamos era considerado o único indicador do nosso sucesso. No entanto, hoje em dia, as pessoas procuram um significado mais profundo nas suas vidas, assim como bem-estar. Daí que a frase “O bem-estar é o novo sucesso dos tempos modernos” seja um lembrete de que o modo como nos sentimos é muito mais importante do que o estatuto que mostramos.

Mahatma Gandhi disse: “As suas crenças tornam-se os seus pensamentos. Os seus pensamentos tornam-se as suas palavras. As suas palavras tornam-se as suas ações. As suas ações tornam-se os seus hábitos. Os seus hábitos tornam-se os seus valores. Os seus valores tornam-se o seu destino.” É importante lembrar que as nossas vidas são limitadas apenas pelos nossos próprios pensamentos.

Se as nossas emoções estão ligadas ao nosso sistema neurológico, imunológico e endócrino, então faz sentido que quando sentimos algo, isso crie uma mudança física. Temos então uma escolha: podemos permitir que essa emoção assuma o controle ou usamos o mindfullness para a substituir por pensamentos e sentimentos positivos.

Aqui estão três dicas que lhe permitirão manter seu bem-estar todos os dias:

  1. Torne-se aliado das suas emoções.

Fique sentado tranquilamente durante uns minutos, sem distrações. Concentre-se na sua respiração. Siga o seu ritmo e tente perceber que pensamentos ou emoções atraem sua atenção. Deixe-os tomar forma. Enquanto isso, imagine-se a capturar cada pensamento ou emoção numa bolha.

Assim que a sua mente esteja calma, visualize-se a soprar aquela bolha para longe. Observe-a a subir, mais e mais, até que esta não faça mais parte de si; traga então a sua atenção de volta para a respiração. A sua respiração está mais profunda agora? Mais lenta, talvez? Permita-se alguns momentos para mergulhar nesse sentimento de paz e conectar-se com a sua respiração.

Lembre-se: os seus pensamentos e as suas emoções podem ser melhores amigos. Eles complementam-se e definem as nossas atitudes diárias. Por vezes, em certas situações banais, se o nosso alarme não toca de manhã ou nos aleijamos ao levantar da cama, os nossos pensamentos descem em espiral. Então começamos a preocupar-nos com aquela reunião com o nosso chefe ou com a zanga que tivemos com nosso parceiro a noite passada. Esses pensamentos tornam-se a nossa atitude durante esse dia e seguir-nos-ão como um íman.

  1. Desenvolva a prática da gratidão.

Ao acordar ou antes de dormir, faça uma lista de 10 coisas pelas quais é grato. Ficará surpreso com o quão fácil pode ser quando desaceleramos, observamos e despertamos os nossos sentidos. Andamos sempre a correr nas nossas vidas e perdemos a oportunidade de apreciar as pequenas coisas que contribuem para o bem-estar.

Aqui estão algumas coisas pelas quais se pode sentir grato:

  • Ouvir o chilrear dos pássaros
  • Ter uma boa noite de sono
  • Ter uma cama confortável
  • Alongar o seu corpo (sentindo-se saudável)
  • Beber uma chávena de café acabado de fazer
  • Receber e dar os bons dias à sua família
  • Aconchegar-se com o seu animal de estimação
  • Ver o sol a brilhar através das árvores
  • Chegar rápido ao trabalho num dia sem trânsito
  • Sorrir para um estranho na rua e ele devolver o sorriso
  • Cozinhar e escolher alimentos nutritivos que adora

Os pensamentos não precisam estar associados a algo que aconteceu nas últimas 24 horas. Podemos pensar num amigo querido que não vemos há meses e experimentar sentimentos de profunda apreciação e amor.

Se quiser ir mais além, pratique o sentir gratidão por coisas na sua vida que ainda não aconteceram. Por exemplo: está a trabalhar para publicar um livro. Tire alguns momentos para sentir gratidão por ter se tornado um autor publicado; por outras palavras, sinta como se o que tanto tem sonhado já tivesse acontecido.

Ficará surpreso com o quanto essa prática de gratidão afectará seu futuro.

  1. Conecte-se com a natureza.

Vá lá fora. Até uns cinco minutos durante a pausa do almoço servirão. Se estiver perto de algum jardim, vá até à relva e tire os sapatos. Fique de pé e visualize, sinta ou imagine que tem raízes a crescer nas solas dos pés, conectando-se profundamente com a terra. A cada inspiração, sinta a energia a elevar-se da Terra, espalhando-se por todo o seu corpo até sentir que ela flui para fora dos seus dedos.

Agora visualize, sinta ou imagine seu coração transbordando de gratidão e envie esse amor de volta aos seus pés na terra. Ao fazer isso, concentre-se na sua respiração, tenha consciência dos seus sentidos, sinta o calor do sol no seu rosto, a brisa fresca na sua pele, o som dos pássaros. Expanda a sua consciência e absorva a ligação que está a criar entre a sua mente, o seu corpo e o seu espírito.

 

Fonte: https://www.mindbodygreen.com

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Histórias que a bloqueiam: mude a sua vida

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Pare de contar histórias que a bloqueiam

De várias maneiras, a nossa vida emocional não é nada mais do que uma coleção de histórias que nos contamos sobre nós próprios. Quer nos mostremos como vítimas ou vitoriosos, espectadores ou actores principais, os nossos mundos internos são apenas uma coleção de narrativas sobre as coisas que aconteceram connosco e o modo como respondemos a elas.

Mais especificamente, a maneira como nos sentimos sobre as nossas vidas é uma questão das histórias que nos contamos repetidas vezes.

Reflita por um momento: quais são as histórias que conta sobre si? Como é que se percepciona?

Além das narrativas reais, pode aperceber-se que tem certos sentimentos que sente mais do que outros e isso traz emoções fortes, que podem ser … Frustrada. Impotente. Estagnada.

Essas coisas, tanto as histórias como os sentimentos que temos sobre elas, tornam-se marcas bem impregnadas nos nossos cérebros: os neurónios desenvolvem caminhos num certo sentido e quanto mais eles o fazem, o mais provável é que repitam esse caminho novamente.

Mas o que é mais interessante é que essas histórias não são necessariamente a verdade, e essas emoções são muitas vezes nada mais do que o hábito. Além disso, o facto de as marcas serem tão profundas significa que estamos mais propensos a continuar a criar o mesmo tipo de situações repetidamente (circunstâncias que nos fazem sentir, digamos, frustrados, impotentes ou estagnados) apenas porque é familiar. É o que conhecemos.

Dar a volta

Quer dar a volta à sua vida? Podemos mudar a maneira como nos sentimos sobre ela e, em seguida, começar a mudar as nossas próprias experiências atualizando essas mesmas histórias. É como uma atualização de software. É assim:

Pegue num diário e pense numa história sua que não a faz sentir-se bem – algo que faça parte do pior da sua banda sonora pessoal. Agora, faça a si mesma as seguintes perguntas:

  • Existe outra maneira de eu poder dizer a mim mesmo esta história? Existe outra versão dos eventos que também seja verdadeira?

Aqui está um exemplo: uma história antiga como “Os meus pais costumavam esquecer-se de me ir buscar depois da escola quando eu era criança; isso fazia-me sentir não amada e descartável” poderia tornar-se “Na verdade, quando penso nisso agora, ocorre-me que os meus pais deviam andar muito sobrecarregados, talvez essas ausências de espírito deles não tivessem nada a ver com a quantidade de amor que sentiam por mim”.

  • Ao contar a história de modo diferente, como é que isso muda a maneira como se sente em relação à sua vida?

Existe alguma coisa que pode fazer diferente agora que tem uma nova história para contar? Seja criativa. Como poderia agir agora se nunca tivesse contado essas histórias originais? Convidaria a tal pessoa para sair? Pediria a tal promoção que quer? O céu é o limite.

Agora, mude de raciocínio por um momento. Pense numa emoção que sente com frequência e da qual gostaria de ser libertada. A tristeza? A raiva? Faça uma pausa para se concentrar nessa emoção, e depois faça a seguinte pergunta:

  • Esse sentimento faz-me lembrar o quê? Qual é a minha lembrança mais antiga ao ter esse sentimento?
Você consegue!

É hora de abraçar a ideia de que essas histórias e sentimentos não precisam mais de a definir.

A boa notícia é que o cérebro é “plástico”, uma maneira elegante de dizer que pode criar novas histórias e conexões neurais a toda a hora.

Como seria a sua vida se contasse a si mesmo apenas histórias positivas sobre as suas capacidades? Como pode fazer as coisas de maneira diferente? Poderá sair e experimentar novos tipos de comportamentos?

Anseie para conhecer então a sua nova versão.

 

 

Fonte: https://www.mindbodygreen.com

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“Autoconsciência, aprender a conhecer-se, não ter medo de sentir, é o verdadeiro sentido de estar vivo.” conversa com Jaquelina Amado

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Estivemos à conversa com a Jaquelina sobre os seu próximo workshop: Detox Emocional e Mental. Falámos sobre as emoções, os pensamentos, as crenças e o seu papel na forma como vivemos.

Jaquelina, quando a conheci há mais de 10 anos, uma das suas preocupações enquanto psicóloga e terapeuta era ensinar ferramentas para que as pessoas que acompanhava pudessem utilizá-las e se tornassem capazes de lidar com os desafios que enfrentavam.

Com base no seu percurso e experiência, qual a importância desse processo: de identificarmos e entendermos os desafios que vivemos e saber lidar com eles, através dessas ferramentas/técnicas?

A vida desenvolve-se por ciclos que apelam à mudança, expansão e crescimento os quais nos apresentam desafios e tensões. A minha atenção para com as pessoas que acompanho foi sempre, dar novos recursos, equipá-las melhor para serem bem sucedidas nos desafios que a vida lhe colocasse. Apesar de termos os nossos recursos para lidar com as circunstâncias, hoje em dia somos mais desafiados, não porque as coisas sejam mais difíceis mas porque vivemos a vida de forma mais agitada e corrida, sem tempo.

O Workshop pretende dar ferramentas simples mas muito eficazes desde que aplicadas de forma regular. Integrar essas ferramentas dentro de uma rotina que ocupe 15 minutos do dia. Pretende-se com este Workshop apostar na prevenção, envolver a pessoa no seu processo de auto-cura e de uma forma saudável, sem riscos, totalmente segura. É também um apelo à auto-consciência, aprender a conhecer-se, não ter medo de sentir, porque isso é verdadeiramente o sentido de estar vivo.

Nos próximos dias 20 e 21 de Abril, vamos ter um workshop focado no “Detox Emocional e Mental”. Porquê a necessidade de fazermos um detox às nossas emoções e mente?

As novas correntes terapêuticas são integrativas, o que é isso significa? Trabalha-se o corpo físico, os processos mentais e as emoções, é isso que vamos fazer. Haverá uma parte teórica seguida de práticas. Lidamos diariamente com situações que geram emoções e pensamentos, muitos deles negativos que se tornam tóxicos quando acumulados no nosso sistema ou como lhe chamamos o nosso “corpo” emocional e mental. Não sabemos como nos libertarmos de maneira positiva e  sem recorrer a medicamentos que muitas vezes tem também os seus efeitos secundários. Essas emoções não processadas, quando acumuladas durante muito tempo começam a causar danos, podendo até provocar processos de doença. Temos assistido  a um aumento de casos de Burnout que é um estado de exaustão físico e mental intenso, em que se misturam sintomas depressivos e ansiosos. Toda a doença tem uma componente mental/emocional (aliás é a área da psicossomática).

 

No workshop “Detox Emocional e Mental” será abordada a questão do nosso sistema de crenças e dos nossos arquétipos internos. Qual a importância destes 2 factores na forma como vivemos e percepcionamos a realidade?

O nosso sistema de crenças é o filtro pelo qual percepcionamos a realidade, é a nossa interpretação dessa realidade. É formado pelo conjunto de valores, princípios e formam a nossa identidade social. Os arquétipos são como personagens ou padrões da psique humana e são universais. Esses arquétipos funcionam em conjunto com a personalidade, agem de forma sub-consciente como uma força ou energia com vida própria em nós. Crenças negativas e arquétipos, podem agir de forma a sabotar, daí a importância de termos consciência da sua presença  na nossa dinâmica interna.

 

Que técnicas vamos explorar o workshop, que nos ajudem a resgatar o nosso equilíbrio emocional e mental?

A questão é mesmo encontrar o equilíbrio através de técnicas de Medicina Energética como o Tapping que é a estimulação de certos pontos (meridianos) e a respiração, sempre envolvida. Não há mudança, nem cura sem respiração. Aprender a respirar é um poderoso auxilio pois a respiração está envolvida em todos os processos da vida até ao nível celular. Se quisermos mudar a forma como nos sentimos e agimos na vida precisamos de proporcionar ao nosso cérebro novas sinapses, que abrem novos circuitos neuronais para novas sensações e novos padrões mentais. Por isso é que muitas vezes as pessoas dizem que mudar é difícil, porque a química do cérebro está padronizada. Serão ensinadas técnicas de auto-aplicação diária como: a posição integral, Tapping, e Zero Point Field.

Mais informações sobre o workshop: aqui.

 

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Conheço-me através de ti

Um dos maiores desafios nas relações é aceitar o outro tal como ele é. Aceitar não no sentido de nos sujeitarmos aos seus comportamentos, mas sim de olhar para ele e vê-lo por aquilo que ele realmente é, sem ilusões nem idealizações, e respeitar as suas escolhas, sem a insistência que alterem. Muitas são as vezes em que ficamos incomodados quando não vê as situações como nós, quando não pensa como nós, quando não sente o mesmo do que nós e quando não age como nós agiríamos na mesma situação. Queremos as pessoas à nossa imagem e semelhança e enquanto não tivermos consciência disso, as relações são uma luta para que os outros sejam mais como nós em vez de serem uma oportunidade de crescimento através das diferenças. Uma relação saudável não se baseia na tentativa de mudar o outro (sabemos que é invasor quando tentam fazê-lo connosco), mas sim de aprender a lidar com as diferenças e de crescer através delas.

Ouve-se dizer que o que nos incomoda dos outros corresponde a partes de nós: o chamado efeito espelho. «Mas incomoda-me porque sou assim?». Efetivamente, não faz muito sentido. Quando se diz que o outro é o nosso espelho significa que é através do impacto que o seu comportamento tem sobre nós que conseguimos aceder a partes nossas. Como quando nos olhamos ao espelho: é-nos enviado um estímulo (reflexo do nosso rosto) que tem um determinado efeito em nós próprios. Os estados de paixão também refletem o efeito espelho: não nos apaixonamos pela pessoa, mas pelo que ela nos faz sentir.

Independentemente do estímulo, ou seja, neste caso do outro, o que importa é o impacto que este tem sobre nós, pois o mesmo estímulo pode provocar sensações completamente diferentes em pessoas diferentes. Uma minha cliente contou-me a reação que os dois irmãos tiveram quando ela lhes disse que eram os homens mais importantes da sua vida: um deles ficou muito comovido e sensibilizado e o outro acusou-a de ser manipuladora e de fazer chantagem emocional. A reação de cada um diz muito sobre a história individual.

Assim, para prosperarmos nas relações e, percebermos o que se passa connosco e o que podemos e queremos melhorar, temos de nos questionar: o que estou a sentir neste momento? Que partes de mim é que estão a ser ativadas através da interação com esta pessoa? Que tipo de pensamentos me vêm à cabeça quando penso nela? Quando conseguimos desviar o foco do outro para nós próprios abrimo-nos a possibilidade de crescimento e mudança. Mantermos a atenção nas atitudes do outro é, pelo contrário, uma forma muito eficaz de fugirmos de nós.

O psicólogo Guy Winch tem uma TED Talk na qual explica que não conseguimos tratar das nossas feridas emocionais se nem sequer soubermos que elas existem! E a possibilidade de sabermos que elas existem é quando alguém toca nelas. É como ter uma ferida e não a ver , mas quando alguém nos abraça, a sua intenção estará longe de ser a de nos magoar, mas através do seu gesto somos tocados e isso magoa-nos. Porém, a ferida é nossa! A forma como nós pensamos e sentimos é exclusivamente nossa, não é do outro. Mas é o outro que nos ativa a forma de pensar e sentir, pelo que só através do outro temos esta fantástica oportunidade de entrar em contacto com as nossas dificuldades, bem como com todo o nosso potencial.

Quando encontramos alguém que nos irrita, fazer o exercício de se perguntar qual é a parte de nós que está a ser tocada não é nada fácil. Estamos tão habituados a olhar para fora, a depositar a atenção no outro – criticando, interpretando, julgando e culpando – que a nossa visão fica completamente turva e destorce o verdadeiro cerne da questão. Já Jung dizia que quem olha para fora idealiza e ilude-se; quem olha para dentro desperta. E é através desse despertar que temos a possibilidade de viver as relações de forma nutridora. Ter a humildade de nos pormos em causa e a coragem de enfrentar as nossas dificuldades leva-nos a crescer e a desenvolver todo o nosso potencial. Afinal, é para isso que aqui estamos: dar o melhor de nós próprios para nos sentirmos bem e sermos felizes. A relação é fundamental para isso, pois sozinhos não vamos longe. A relação dá-nos a possibilidade de conhecermos a nossa engrenagem: o que funciona menos bem e precisa de afinação e o que funciona melhor e apenas precisa de manutenção.

Através das dificuldades que sentimos na relação temos a oportunidade de sentir e perceber quais as dinâmicas internas que nos impedem de avançar para uma vida mais autêntica e feliz. Perante uma dificuldade temos duas opções: virar as costas e afastarmo-nos, ou olhar de frente e lidar com ela. A primeira leva-nos para outra relação onde nos havemos de deparar exatamente com a mesma dificuldade, o que significa que estamos a repetir um velho padrão. A segunda, talvez mais difícil e aparentemente mais dolorosa, leva-nos a entrar no jogo da vida para aprender e passar para outro nível de desafio. Crescer pode ser doloroso e leva tempo, mas qual a alternativa?

As dificuldades que sentimos vêm ativar as nossas necessidades. Uma alimenta a outra. Por exemplo, a dificuldade em sentir-se livre ou autêntico numa relação advém da necessidade de se sentir livre ou autêntico e não conseguir; sentir que o outro não nos dá afeto ou atenção está diretamente relacionado com a necessidade de ter afeto ou atenção e não estar a receber o suficiente. Portanto, as dificuldades que sentimos numa relação remetem para as nossas necessidades. Mas as necessidades são nossas e têm a ver com a nossa história de vida, não com o outro. O outro pode estar a fazer o melhor que consegue e, ainda assim, sentimos não ser na dose certa. Ora, uma relação saudável e nutridora é muito mais do que tentar colmatar as exigências um do outro.

Nas relações tóxicas de dependência, o outro existe para satisfazer as nossas carências e quando tal não acontece sentimos frustração, tristeza, rejeição, humilhação, abandono e traição; nas relações nutridoras conseguimos ir mais além e sentimos que a existência do outro nos ajuda a contactar com as nossas fragilidades, que devem ser vistas e cuidadas, bem como com as nossas potencialidade, que merecem ser reconhecidas e valorizadas. E isso só é possível quando olhamos para o outro como uma oportunidade de nos conhecermos a nós próprios e o escolhemos não como salvador, mas como companhia na viagem da vida.

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Do outro lado do medo

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Medo da rejeição. Medo do abandono. Medo da humilhação. Medo da traição. Medo da injustiça. Estes são cinco dos medos básicos inerentes à condição humana, que se desenvolvem com maior ou menor intensidade segundo uma série de variáveis no nosso percurso de crescimento emocional.

Associado a cada medo existem necessidades psicológicas que, por não terem sido preenchidas em idade infantil, criam carências que transportamos ao longo da vida. Uma criança que tenha sentido traição ou abandono por parte de uma figura de referência permanece com esse sentimento registado no seu aparelho psíquico, o qual lança um sinal de alerta numa relação posterior onde sinta proximidade afetiva. O medo subjacente, despoletado nos primeiros anos de vida, condicionará as dinâmicas interpessoais em adulto, através de estratégias e mecanismos de defesa que adotamos de modo a evitar reviver o mesmo tipo de situação.

Assim, chegamos ao ponto de dizer ‘diz-me o que queres que eu faça, basta que não me deixes!’. Disponibilizamo-nos a fazer o que estiver ao nosso alcance para não passar pelo que outrora nos causou tanto sofrimento. O paradoxo surge quando, ao tentar evitá-las, acabamos por as provocar, repetindo-se assim o trauma mediante um padrão do qual queremos sair e não sabemos como.

Procuramos preencher as nossas carências através dos outros, esquecendo-nos que esses outros não existem para nos preencher. Cada pessoa tem as suas mazelas de crescimento, tem os seus medos e necessidades, e enquanto virmos no outro a fonte da nossa salvação vivenciamos um choque de exigências e cobranças, tornando a relação uma luta em vez de um aconchego.

Como passar de um campo de batalha, onde somos cada vez mais atacados e feridos, para um terreno seguro e nutridor, no qual vamos sanando o nosso coração?

Inicialmente procuramos o que nos é familiar. Não questionamos os hábitos que adquirimos até nos permitirmos ter uma experiência diferente que nos faça sentido. Se em criança somos sujeitos a críticas, assimilamos uma imagem negativa de nós próprios que nos acompanha como se fosse verdadeira. Podemos nem ter consciência dela, mas uma baixa autoestima condiciona as escolhas de vida e a qualidade das nossas relações. Se os nossos pais são demasiado protetores e nos incutem que o mundo é perigoso, a forma como nos movimentamos dificilmente será de confiança, pois tudo é visto como um risco. São inúmeros os exemplos que resultam em crenças falsas e prejudiciais, que condicionam o nosso sentir, logo, a nossa interação com o exterior.

Uma cliente minha sofre horrores no trabalho. Sente-se posta de lado pela dificuldade em aderir ao ambiente de euforia e diversão. Fica triste, o que, por sua vez, não é bem acolhido pelos colegas, intensificando assim a sensação de exclusão. A sua angústia começou a traduzir-se em sintomas físicos de fortes dores de barriga, dores de cabeça e tonturas, a ponto de recorrer a baixa médica. Longe do trabalho os sintomas aliviam, mas perante a ideia de alta reaparecem. Percebemos pela sua história que existe uma grande lacuna na necessidade psicológica de pertença. Quer fazer parte, mas as atitudes do grupo – e as dela própria – aumentam a sua dor de exclusão, potenciando, paralelamente, a sua necessidade de pertença. Vive numa carência profunda sem encontrar modo de sair desta pescadinha de rabo na boca.

Porque é que não muda de comportamento e se torna mais sociável? Ou porque é que não procura pessoas mais em sintonia com ela? Porque não é isso que o seu sistema emocional conhece! O que o seu sistema sabe fazer é tentar desesperadamente sentir-se pertence junto de pessoas que não a acolhem, que a criticam e que lhe provocam uma sensação de desadequação, pois foi isso que viveu em criança.

Estamos perante o que chamamos de repetição do padrão. Ao longo da vida repetimos um padrão de comportamento porque não conhecemos outro, por muito tóxico que ele seja. Quem viveu a falta de atenção e carinho em criança, vai cruzar-se com pessoas de quem não recebe suficiente afeto porque essa é a energia que lhe é familiar. Pessoas que dão carinho e atenção não se ajustam ao seu sistema de funcionamento na medida em que é um tipo de vibração que desconhece, que estranha, por muito que precise dela. Quem viveu a crítica sente-se inconscientemente atraído por pessoas que criticam, pois as outras não entram no seu radar. Quem sofreu a traição ou a humilhação, facilmente entra em relações onde é maltratado e traído, caso contrário não vincula. Curiosamente somos excelentes em dar aos outros o que nos faltou e precisamos de receber…

Qual a lógica de procurar algo que na prática rejeitamos, insistindo em receber o oposto do que queremos?! Repetimos um padrão simplesmente porque é o que conhecemos, mas como estamos num caminho onde, felizmente, o crescimento é possível, um passo nesse sentido é quebrar com o que nos é nocivo. No entanto, crescer implica fazer escolhas que se coadunam com as nossas necessidades de forma natural e não forçada, o que significa que algo interno tem de mudar. Imposições lógicas e racionais externas não funcionam.

Para crescer não basta perceber cognitivamente o mecanismo, há que sentir emocionalmente que chegou o momento de romper com um determinado padrão – que é fruto da nossa dinâmica interna e não da pessoa que o desperta em nós. A toxicidade está na nossa reação, não no outro. Precisamos de colocar a nossa integridade em primeiro lugar, valorizar o amor próprio e o autorrespeito em detrimento de uma carência infantil que berra pela atenção do outro e que entra em litígio quando não obtém o que quer. Chegou a hora de olhar mais para nós próprios e menos para o outro em função de nós. O outro nunca vai suprir as carências nem curar as nossas feridas. Em criança isso era possível, em adultos já não.

A possibilidade de alcançar esta clareza emocional chega quando se atinge um ponto de exaustão. Só no limite conseguimos declarar com convicção ‘já não aguento mais, algo tem de mudar. Não sei como fazer, só sei que assim já não dá para viver’. Só quando a dor se torna insuportável começamos a considerar a hipótese de desistir da rigidez do passado e dar um passo novo. Daí a importância de nos abrirmos ao sentir, de ouvir a nossa parte emocional. Quanto mais nos disponibilizamos a contactar os nossos sentimentos, mais sentimos a dor, mas só no contacto com a dor conseguimos quebrar os padrões de condicionamento.

A mudança implica o maior ato de coragem que podemos alguma vez ter: entregarmo-nos à possibilidade de reviver o nosso grande medo, a nossa cena temida de criança, com a consciência de que agora, em adultos, temos uma estrutura interna suficientemente forte e autónoma, capaz de dar uma resposta diferente ao exterior com vista a sair da prisão causada pelo trauma sofrido. Atraímos as pessoas e as situações que nos ativam as feridas internas não apenas porque nos são familiares, mas também porque só na relação com elas temos a oportunidade para alterar o nosso comportamento.

A mudança não é estanque, não passa por um corte repentino com o velho para amanhã acordar novo. Trata-se de um processo faseado em três etapas:

  • Adquirir consciência dos nossos mecanismos internos: medos, necessidades, feridas, defesas, carências que deixaram marcas profundas; conhecer a nossa história e fazer as pazes com ela, observando-a com amor e carinho.
  • Aceitar, ver as realidades interna e externa por aquilo que elas são, dissolver a ilusão de um passado e/ou de um futuro no qual fantasiamos acudir as necessidades junto de quem nos ativa as carências e que o outro vai mudar para nos salvar. Agora somos nós os nossos cuidadores; os outros podem (ou não) fazer-nos companhia neste processo.
  • Experimentar o que desconhecemos, abrirmo-nos ao imprevisível com a certeza de que o antigo já não serve o nosso propósito.

Dizer ‘não’ a situações e pessoas que nos atraem mas que nos fazem mal, largar e abrir mão do que temos vivido até aqui, distanciarmo-nos do que nos causa uma reincidência da dor, desta vez não por fuga ao sofrimento mas com a consciência de que isso alimenta uma dinâmica tóxica, é o que cria a verdadeira mudança num processo de evolução psicológica. Chegamos aqui se ao longo do caminho formos alimentando uma energia de amor e compaixão por nós próprios, pois a capacidade de abrir mão do tóxico apenas surge quando sentirmos uma necessidade urgente de agarrar o que é nutridor.

É imprescindível olhar e cuidar do nosso ser para que as escolhas sejam guiadas não pelas carências, medos e desejos do nosso ego, mas pelas necessidades reparadoras da nossa essência. Enquanto vivermos no medo de perder, não vivenciamos o que se esconde do outro lado: a liberdade de sermos nós próprios num caminho de desapego do passado e de amor incondicional pelo presente.

Foto de Bernardo Conde (www.bernardoconde.com)

 

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O que a respiração pode fazer por nós

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«Gerir emoções e pensamentos, estados de espírito que vão oscilando ao longo do dia através da respiração. A grande vantagem da respiração é que está sempre connosco, aliás sem ela não existimos, e podemos utilizá-la com vários propósitos, tornando-a nossa companheira inseparável.

O poder de observarmos a respiração

A respiração pode ser uma aliada muito importante no nosso dia-a-dia. Quando nos predispomos a observar de forma consciente a respiração estamos a parar e a dar atenção a nós próprios. Através da respiração, ligamo-nos às sensações que temos no corpo, às emoções e aos pensamentos. Experimenta observar agora a tua respiração. Que sensação notas? Como te sentes? Observar a respiração é mesmo uma paragem que nos possibilita estarmos atentos a nós, percebermos melhor o que se passa connosco face às situações que nos rodeiam e responder com mais assertividade.

Também a forma como respiramos (rápida ou lenta, com ou sem interrupções, recorrendo mais aos músculos da região torácica ou abdominal) permite apercebermo-nos do nosso estado. Quem é que quando está nervoso, nunca notou a respiração mais rápida e a acontecer principalmente ao nível do tórax?

Tornar a respiração um acto consciente

Na prática do yoga tenta-se que a respiração esteja sempre presente de forma consciente e se, para um praticante iniciado, pode parecer difícil coordenar respiração e movimento, à medida que a prática vai sendo integrada, a respiração torna-se o seu ‘motor’ onde cada movimento flui ao ritmo da inspiração ou da expiração. Este fluir onde se conjugam movimento e respiração traz-nos uma sensação de bem-estar, faz-nos centrar e ligar a nós próprios. Se não sentes o que estou a dizer, experimenta fazer um exercício muito simples: coloca-te de pé com os braços para baixo. Quando inspirares sobe os braços, pelo lado, acima da cabeça e quando expirares baixa os braços, pelo lado de modo a voltarem à posição inicial. Repete as vezes que te apetecer. Notaste alguma diferença na forma como te sentias antes e depois do exercício?

Alterar a forma da nossa respiração para nosso benefício

Se conseguirmos parar para observar a nossa respiração, bem como apercebermo-nos do nosso estado de espírito, podemos alterar a forma como estamos a respirar para nos ajudar a lidar com a situação. Por exemplo, quando estamos sob stress, lembramo-nos de respirar mais lenta e profundamente recorrendo à respiração abdominal? Desta forma, preparamo-nos para responder com maior controlo e assertividade.

No yoga existem práticas especificas de respiração, designadas por Pranayama (Prana – energia vital; ayama- controlo, expansão), onde a forma como inspiramos e expiramos (de forma mais rápida ou mais lenta, com ou sem retenção da respiração, por uma ou ambas as narinas) nos permite, dependendo de cada caso, aquecer ou arrefecer o corpo, revigorar a mente, tornar a mente mais calma melhorando a clareza e concentração mental, libertar tensões, estimular a circulação sanguínea, limpar as vias respiratórias e inclusive aumentar a capacidade pulmonar. Estas práticas são muito eficazes e notam-se os seus benefícios de imediato no corpo e mente, sendo que estes efeitos são transportados, para além da prática, para a nossa vida do dia-a-dia.

​Sugestão:

Experimenta focar-te na respiração várias vezes ao longo do dia, fazendo mini paragens (por exemplo de 1s) que te permitem desligar do que estás a fazer e tomar consciência de ti próprio. Vê como te sentes ao longo do dia e como está o teu nível de energia ao fim do dia.»

Joana Reis, instrutora de Yoga

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As emoções – o nosso GPS interno

emoções

Vivemos uma época fantástica em que o conhecimento está tão acessível a todos que o procuram. Temos toda a ajuda disponível, para lidarmos com os dilemas, desafios e encruzilhadas da vida, quer seja em livros, seminários, cursos. Mas, paradoxalmente, nunca tanto como hoje esse conhecimento encontra dificuldade em ter um canal prático. A vida na sua correria, exigências, contrastes, pede-nos mais sabedoria, não só conhecimento. De onde vem essa sabedoria? Tem na verdade várias fontes, como a experiência, mas vou apenas cuidar de uma outra: as emoções. Na mesma linha, já muito se falou e se explicou mas ainda assim, nunca tanto como nestes nossos dias, vemos a dificuldade de cada um a lidar com os seus estados emocionais em especial os negativos, seja raiva, medo, tristeza.

A vida corrida, exigente, desligou-nos do nosso mecanismo inato para lidar, quer connosco mesmos quer com os outros, enfim o mundo à nossa volta. Passámos a ter medo de sentir, de olhar, enfrentar, cuidar e acima de tudo aprender a transformar. Limitamo-nos a uma existência asséptica, estéril, superficial, falsamente segura.

Num mundo em permanente mudança, o que hoje é novidade amanhã é obsoleto, procuramos respostas que só encontraremos no único lugar de onde fugimos, dentro de nós, no nosso equipamento emocional. Perceber que o nosso estado de espírito está directamente ligado ao que nos rodeia, desde o mais pequeno ao maior acontecimento do nosso dia-a-dia, já é um passo! Reconhecer que não posso livrar-me das minhas emoções, que sempre irei sentir algo, e sim, às vezes coisas que não gosto. As emoções dizem-nos que estamos vivos, que somos seres sensíveis, que as palavras, as cores, os cheiros, o tempo, nos tocam, mexe e remexe. Já pensou que no mesmo local do corpo onde sente o medo é o mesmo onde sente o entusiasmo, a excitação do novo, de uma aventura, da satisfação de um desejo realizado: o seu plexo solar (três dedos acima do umbigo).

E não, as nossas emoções não são um equívoco da Natureza, um qualquer erro ou ironia da Vida para nos infernizar o juízo. Não existem para serem abafadas, neutralizadas, ignoradas. Existem para nos orientar, proteger, são a fonte de sabedoria e informação que nos ajudam a interpretar, escolher, decidir. As emoções dizem-nos qual o impacto de determinada coisa em nós – é onde reside a nossa verdade! É onde reside a nossa verdadeira força, mas até lá chegar há todo um processo de reaprender a tirar o melhor das nossas emoções. Para não ficarmos em teorias e meras palavras, deixo algo bem prático por onde começar. Parece simples, mas é um desafio.

Comece por sentar-se, consigo, em silêncio, tranquilamente, coloque uma mão no seu plexo solar e pergunte-se: o que estou a sentir? Defina a emoção, podem ser várias e contraditórias, porque somos seres muito complexos. Pergunte de novo e aguarde, veja como isso o faz sentir, e RESPIRE! Faça disso uma rotina – a sua rotina de ecologia emocional!

Shivai.

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Esqueça as amarguras e as lamentações

«A vida é feita de escolhas, e são elas que definem o curso do nosso destino. Cabe-nos decidir se nos limitaremos a tentar resgatar as oportunidades que deixamos escapar ou se faremos como o pescador, tentando salvar os nossos sonhos antes que caiam na água.

Na vida, nada é garantido. As únicas coisas que nos pertencem de verdade são as lições que aprendemos com as nossas vivências. Esqueça as amarguras e as lamentações, pois só servem para roubar a sua energia emocional e a sua força interior. É melhor errarmos do que queixarmo-nos, porque, quando erramos, ao menos estamos a tentar. As queixas só geram estagnação e poluição mental. Não tenha medo, erre, erre outra vez, erre as vezes que precisar, mas transforme os seus erros em experiências.

Quando passar a aceitar-se como é, com os seus tropeções, erros e conquistas, as suas lágrimas, risos e emoções, perceberá que os sonhos são o ponto de partida da caminhada rumo à realização pessoal. Servem para catalisar a coragem que estava escondida e ainda não havia sido realmente desafiada.

Como já deve ter compreendido, as dificuldades que enfrentamos na vida não são muros, mas apenas degraus. E vamos continuar a subir essa escada, ousando procurar as nossas próprias respostas.»

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