
O ataque
De repente o seu coração começa a bater descompassado. Sente-o a bater no peito, na cabeça e nas pernas. O barulho ritmado domina a sua atenção. Parece que o seu peito vai explodir.
Já alguma vez teve um ataque de pânico?
O suor reveste a palma das suas mãos. Sente um desejo de as sacudir – como se isso soltasse o sentimento desconfortável. Sacode-as. Uma sensação tóxica atravessa o seu estômago como uma estrela cadente. Sente-se doente. Não consegue respirar. Está a reagir a uma ameaça. Não de um feroz tigre-dente-de-sabre. Não, esta ameaça é psicológica. É ansiedade. Na verdade, nem é real.
Ou talvez tenha começado na sua cabeça desta vez. A sua mente está presa como um disco riscado, repassando obsessivamente um futuro imaginário. Está a tentar geri-lo. Mas o futuro não pode ser gerido. Os seus pensamentos ansiosos desencadeiam a resposta de luta / fuga, e o cortisol e a adrenalina fluem por todo o corpo. Eles causam a sua reação física, preparando-o para fugir daquele tigre. Mas na realidade está apenas sentado ali, a tentar lidar com o que está para vir, o que é impossível no momento presente, quando pensa nisso.
Então a sua mente capta o modo como os químicos o fazem sentir: o coração acelerado, as mãos suadas e o corpo trémulo. O pânico instala-se e a sua mente está a mil. E então mais químicos são libertados e sente-se ainda mais ansioso. Mais pensamentos ansiosos seguem-se e você entra numa espiral descendente até explodir num ataque de ansiedade total. Sente que vai desmaiar, ou pior, morrer.
O tigre da ansiedade comeu-o vivo. Mas pode aprender como recuperar o controlo. Pode libertar-se. Mesmo se a ansiedade for menos intensa. Acredite ou não, pode usar a sua ligação mente-corpo para superar a sua ansiedade.
Recuperar o controlo
Se já teve um ataque de pânico, sabe exactamente do que estamos a falar. Há quem já tenha tido vários e superou. Ansiedade social, ansiedade generalizada, perturbação pós–stress traumático (PPST) , agorafobia, ataques de pânico, assim como medo de cães ou medo falar em público, etc. E foi usando as ferramentas de que falamos mais abaixo e percebendo o modo como o seu corpo funciona que as permitiu libertar-se. É um verdadeiro triunfo da mente sobre a matéria que requer confiança e, além disso, uma ligação com o corpo físico. Quando usamos as nossas mentes para nos conectarmos com os nossos corpos, podemos controlar o sistema nervoso e, por sua vez, a nossa ansiedade.
Agora é a sua vez. Da próxima vez que sentir ansiedade ou se aperceber do seu pensamento ansioso, tente estas cinco coisas.
A playlist contra ataques de ansiedade
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Esfregue a barriga.
A ansiedade está no futuro e os nossos corpos estão no presente. Então, quando fazemos algo físico, algo no “agora”, temos uma maior capacidade de afastar a nossa atenção da ansiedade no futuro e colocá-la no momento. Podemos começar usando o corpo como âncora.
Experimente esfregar a barriga, ou as mãos ou as coxas. De seguida, traga a sua atenção para o local onde as mãos encontram a barriga. Quando se concentra nesta conexão física, está a salvo de pensamentos ansiosos e está focado no momento presente. Pode parecer estranho ao início, mas quanto mais tentar isto, mais facilmente conseguirá deixar ir os pensamentos ansiosos.
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Respire fundo três vezes.
Concentrar-se na respiração talvez seja a melhor maneira de sair da espiral do pensamento ansioso porque a nossa respiração está sempre no momento presente, e respirar profundamente ativa o nosso sistema nervoso parassimpático, que literalmente acalma os nervos. É o nosso sistema nervoso simpático que nos leva a “lutar ou fugir” e sentir os sentimentos ansiosos através da libertação de adrenalina e cortisol. E ativar o nosso sistema nervoso parassimpático interrompe o sistema nervoso simpático e interrompe a libertação adicional dessas substâncias químicas que se manifestam como ansiedade.
Inspire profundamente pelo nariz. Concentre-se no ar que vai entrando por ele adentro. De seguida, ponha a sua atenção no ar que vai saindo das narinas enquanto expira. Tente fechar os olhos e ver se isso o ajuda a concentrar-se mais na respiração. Continue a esfregar a barriga se isso estiver a ajudar. Quanto mais respirações profundas e conscientes fizer, mais estará a guiar o corpo para se acalmar.
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Conte as respirações.
Vamos espreitar os nossos cérebros por um segundo. Quando é ativado, o nosso centro emocional – a amígdala – está essencialmente a sobrepor-se à nossa área racional e lógica do cérebro (o neocórtex). Assim, durante essa reação de luta ou fuga, quando os produtos químicos do stress estão a ser libertados, a nossa amígdala, de certo modo, “sequestrou” o neocórtex. Para ajudar a travar esta inundação de químicos, precisamos de ativar o neocórtex. E tão simples quanto parece, contar é uma excelente maneira de fazer isso.
Então, ao respirar fundo, conte. Conte até 5 enquanto inala e continue contando até 10 ao expirar. Comece de novo com 1, 2, 3, 4, 5 na próxima inspiração e 6, 7, 8, 9, 10 na próxima expiração. Continue a contar e concentre-se na respiração, tendo a certeza de que estas simples ferramentas são a chave para parar a espiral descendente de ansiedade.
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Solte os seus músculos.
Quando as nossas mentes estão tensas, os nossos corpos ficam igualmente tensos. E vice-versa: um corpo tenso leva a uma mente presa. Então, quando conscientemente relaxamos o nosso corpo, também ajudamos a relaxar a nossa mente.
Por isso, solte os ombros, usando toda a sua atenção para os relaxar. De seguida, abra a boca e relaxe os músculos do rosto. Finalmente, procure no seu corpo qualquer tensão acumulada e vá relaxando cada zona à medida que o vai percorrendo.
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Aponte tudo.
Se a sua mente ainda está a mil, apesar dos seus melhores esforços, pegue numa caneta e papel e comece a escrever o que lhe vier à mente. Não se preocupe se as coisas fazem sentido; simplesmente deite tudo cá para fora, seja um fluxo de consciência, uma lista de tarefas para fazer ou um ensaio de 10 páginas. Obter no papel os pensamentos que lhe estão a surgir pode ajudar a libertá-los da sua mente. É especialmente útil escrevê-los fisicamente, em vez de os digitar (num computador por exemplo), porque o cérebro processa-os melhor.
Continue com as respirações profundas e conscientes. E com a contagem. E com o esfregar da barriga. Cada vez que as pratica, está a concentrar-se – a sua moeda mais valiosa – para o momento presente. Estas ferramentas estão a fortalecer o seu “músculo da atenção”, o que precisa de fortalecer a fim de reprimir a ansiedade e retornar ao presente. À medida que a sua capacidade de recuperação mental aumentar, aumentará também a sua liberdade mental.
Continue. O seu cérebro pode mudar. O nosso já mudou. Atire-se a eles, tigre!
Fonte: https://www.mindbodygreen.com