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Mudanças de carreira bem sucedidas

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Quer mudar ou mudou recentemente de carreira?

Normalmente por detrás de uma necessidade ou vontade de mudar de carreira estão as mais diversas razões.

Os objectivos ou valores que tínhamos para a nossa vida profissional mudaram, descobrimos novos interesses, não vemos perspectivas de progressão ou oportunidades de crescimento profissional/pessoal, queremos melhores condições de remuneração, procuramos outra cultura empresarial, procuramos um trabalho mais flexível… Numeramos alguns motivos mas haverão muitos mais.

Mudar de carreira tem sempre algum risco e sobretudo é sempre um momento stressante. Por isso, é fundamental fazermos o trabalho de casa para garantir que minimizamos o risco de tomarmos uma decisão errada e também para garantir que é uma mudança bem sucedida.

 

Antes de mudar de carreira, faça o trabalho de casa. Saiba exactamente a situação em que está. Analise a sua necessidade de mudança. Veja se é possível mudar alguma coisa na sua função actual que vá ao encontro do que pretenda. Caso isso não seja possível, identifique prós e contra de uma mudança. Sobretudo, não tome nenhuma decisão precipitada nem baseada em pressupostos pouco claros.

Depois,  vá em frente.

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Ultrapasse as crenças que o limitam

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O que são as crenças e como as construímos?

Todos nós, seres humanos, partilhamos a mesma genética e algumas capacidades inatas — a da linguagem articulada, a dos sentidos e sentimentos, a de interagir com o próximo, etc. — que nos permitem desenvolver como pessoas. Por outras palavras, possuímos muitos traços universais que nos tornam diferentes mas também muitos outros que nos diferenciam — como a nossa história pessoal, os nossos pais, a nossa língua materna, o lugar onde nascemos, a comunidade e a cultura que nos recebem — e que influenciam a nossa visão do mundo e o modo como interpretamos a nossa experiência de vida.

Ora, isto estrutura‑se num sistema de crenças básicas que fazem parte da nossa bagagem de vida e constituem um filtro no qual assentamos as bases dos nossos princípios e que molda o nosso comportamento e configura a nossa forma de sentir e de pensar; este filtro está tão profundamente enraizado em nós que não nos apercebemos de que condiciona cada instante da nossa vida. Para diminuir o esforço e o desgaste energético inerente à realização das suas várias tarefas ao longo do dia, o cérebro procura uma forma de simplificar esse grande número de estímulos. Para fazer isto, uma das estratégias que usa é ir assimilando as novas informações que lhe vão chegando, mas tende a generalizar e a fazer associações a partir dos dados nele armazenados e do software que foi criando e lhe permite processar toda a informação que recebe.

Quando não desenvolvemos suficientemente a autoconsciência através do exercício de questionamento constante das nossas crenças, estas vão‑se enraizando aos poucos no nosso ser e acabam por se transformar em impulsos automáticos. É então que deixamos de controlar os nossos atos e os substituímos por respostas automáticas.
Gostaria que o leitor compreendesse que utilizo o termo crença, que é a tradução do vocábulo inglês belief, não para me referir a quaisquer valores existenciais ou religiosos mas a um sistema de ideias ou pensamentos que o ser humano vai construindo a partir da sua experiência de vida e da forma como interpreta essa experiência.

Construímos automatismos a partir das nossas crenças

Cada um de nós vai traçando a sua história pessoal ao longo dos anos. Por isso, todos temos já experiências acumuladas; já recriámos as memórias e as emoções que nos são desagradáveis; adotámos, inclusivamente, a forma de pensar e de agir de outros, e é esta bagagem subconsciente que influencia os nossos pensamentos, os nossos comportamentos e até os nossos sentimentos.

De acordo com a corrente da Psicologia chamada PNL (Programação Neurolinguística), a mente subconsciente representa 90% do total da nossa mente, pelo que nos é absolutamente necessário aceder a ela para sabermos quais são os impulsos mais profundos subjacentes ao nosso modo de viver. Se não formos capazes de contemplar a nossa mente subconsciente e observar a programação social e intelectual que temos vindo a receber desde a infância, ser‑nos‑á impossível ver as coisas tal como elas são sem nos enredarmos nos sentimentos complexos que temos vindo a criar e a projetar ao longo da nossa vida.

Adaptamos naturalmente a nossa atitude em função daquilo em que acreditamos e, de certa forma, acabamos por nos transformar nas pessoas que quem nos rodeia espera que sejamos. E isto porquê? Porque tendemos a interpretar cada gesto e cada palavra, e filtramo‑los recorrendo ao crivo das nossas crenças em vez de estabelecermos realmente contacto com o outro, sempre buscando os motivos que o levaram a agir de determinada forma.

Por este motivo, é imperativo não julgarmos as atitudes dos outros, pois as previsões têm um efeito bastante forte sobre as pessoas. De facto, as projeções conscientes e subconscientes acabam por influenciar o que as outras nos revelam do seu caráter. É evidente que nem todas as projeções têm o mesmo poder, pois as que mais nos influenciam são as que provêm das pessoas de quem dependemos, como pode ser o caso dos nossos pais, chefes, professores, etc., ou das pessoas em quem nos projetamos, como é o caso de quem admiramos ou das pessoas perante as quais nos sentimos inferiores.

CrençasAs nossas crenças ajudam-nos ou prejudicam-nos?

Creio que a questão fundamental que nos devemos colocar é se as nossas crenças nos transmitem poder ou nos prejudicam, porque é evidente que todos vamos acumulando crenças com o passar dos anos. Ora, para que nos transmitam poder é necessário que tenhamos a coragem de nos questionarmos, de refletirmos sobre a hipótese de algumas das nossas crenças nos impedirem de alcançarmos (ou, pelo menos, explorarmos) todo o nosso potencial, de tomarmos certas decisões, de assumirmos riscos e até de nos negarem a possibilidade de sermos mais felizes.

As crenças determinam grande parte das nossas decisões e comportamentos e, por fim, os nossos atos. É por isso que temos de as colocar em questão, avaliá‑las e desaprendê‑las para que possamos fazer as nossas escolhas conscientemente em vez de nos resignarmos a permanecer, como sempre, condenados a repetir o que já conhecemos, que acabámos por tornar parte de nós por força da repetição.

O peso do passado: uma sentença negativa que impomos a nós próprios

Uma das verdades que o estudo da psicologia humana demonstrou é a necessidade de ter em conta que a história pessoal desempenha um papel fundamental na construção do sentimento de identidade do indivíduo ao ponto de muitas pessoas se sentirem prisioneiras do seu passado, do que lhes aconteceu ou de atos que cometeram e consideram imperdoáveis, apesar de só elas se terem condenado a si próprias. Além disso, o facto de termos cometido um erro não nos invalida para o resto da vida, pois não nos resumimos a esse erro, somos muito mais do que isso.
Muitas pessoas julgam‑se a si próprias por terem cometido um deslize em determinado momento das suas vidas, dão um veredicto negativo a si mesmas e, em consequência disto, obrigam‑se a «cumprir pena» para o resto da vida.

Se queremos ultrapassar esta sentença negativa que, muitas vezes, nos condiciona para sempre, temos de aceitar a mudança, de voltar ao momento da falha, e, se ainda não for demasiado tarde, de nos perdoarmos para podermos seguir com a nossa vida.
Todas as mudanças estáveis e transformadoras assentam na convicção de que o passado não é um fardo que tenhamos de arrastar pelo resto dos nossos dias, mas um rasto que deixamos para trás com as coisas boas e as más. A mudança verdadeira, profunda, só se torna possível quando concedemos esta possibilidade à nossa mente. Mas, para isso, temos de ver o nosso comportamento passado como algo temporário, como uma roupa que nos emprestaram e de que nos podemos libertar, não como um aspeto intrínseco e essencial de nós próprios.

em 10 Segredos para Alcançar o Sucesso, Mónica Esgueva, Self

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O resgate

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«Na verdade, a velocidade com que vivemos impede-nos de viver. Uma alternativa será resgatar a nossa relação com o tempo.» – José Tolentino Mendonça

Acho que sofro do Síndrome de Estocolmo. Sabem o que é? É o estado psicológico de um indivíduo que, submetido a um período prolongado de intimidação, passa a ter simpatia, amizade ou até sentir amor pelo seu agressor. Sim, acho que é isto… Apesar do afastamento que eu quis com todas as minhas forças e das mudanças que tenho vindo a implementar há mais de um ano, devo admitir que ainda sinto alguma simpatia pelos meus agressores: o tempo e o stress. O tempo tal como o senti, o vivi e o geri nos últimos vinte anos. O stress, que de forma pérfida se me meteu debaixo da pele e se instalou com o epíteto de “o normal”.

Já aqui vos contei que me despedi da empresa onde trabalhei quinze anos. Depois fui despedida do trabalho que aceitei em Cabo Verde. E após essa experiência caricata, mas muitíssimo libertadora, parei para pensar no que andava a fazer e decidi, de uma vez por todas, encarar uma enorme evidência: estava cansada de trabalhar para os outros. Ao fim de duas décadas nesse registo, era chegada a hora de pegar nas minhas poupanças e arriscar investir no meu sonho de autonomia, trabalhando para mim no que me apaixona. Até aqui tudo bem.

O que eu não sabia é que vinte anos de intimidação, isto é, vinte anos a viver, a sentir e a gerir o tempo e o stress observando as regras seguidas pela maioria, me levariam a experienciar volta e meia, após o meu acto de rebelião, sentimentos de culpa e até de traição para com os meus sequestradores. Ridículo, eu sei.

Não me interpretem mal. Não há aqui qualquer arrependimento ou desilusão. Antes pelo contrário. Sei que este é o caminho e que tenho direito a tentar viver de forma diferente. Ando bem, feliz, em paz, a desmultiplicar-me em projectos, actividades, contactos, conhecimentos e aprendizagens apaixonantes (quem diria que o tempo dava para tanta coisa boa ao mesmo tempo!), mas ainda a adaptar-me à falta de correntes. Os meus agressores inculcaram-me ritmos, hábitos dos quais não é assim tão fácil libertar-me.

Só isso explica que continue a fazer as limpezas da casa aos fins de semana, por exemplo, quando hoje em dia posso fazê-las quando me der na veneta, seja quarta ou sexta-feira. E explica também porque insisto em ir ao supermercado ao fim do dia, que é quando lá param todos os que têm de cumprir um horário entre as 9h e as 18h.

Só a memória das grilhetas explicam que me sinta vagamente culpada quando a meio da tarde de uma terça largo o computador e vou caminhar junto ao mar para relaxar, porque a crónica que tenho de entregar está difícil de escrever. Só isso explica aquele mal-estar que dura uma fracção de segundos quando me estendo ao sol num areal em dia de expediente. Só isso explica que ainda me espante com a ousadia que é marcar uma reunião de trabalho numa esplanada ou num café. Só isso justifica a vaga sensação de que estou errada quando tiro quatro dias para descansar na companhia dos meus pais, mesmo sabendo que tenho mil coisas para fazer. Antes marcava as férias para todo o ano em Janeiro, por ordem de uma direcção de recursos humanos. Ironicamente, agora a minha dificuldade é parar sem me sentir mal com isso.

Há dias dei-me conta que não me aborreço por causa de trabalho vai para doze meses, que não chego a casa esgotada e com vontade de chorar, que não me apetece ficar na cama quando o despertador toca entre as 7h e as 8h. Ao aperceber-me disto, a minha primeira reacção foi pensar que devo estar a fazer algo mal. Como posso eu não estar stressada se ainda mal ganho dinheiro e delapido o meu pé de meia todos os meses?! Entrei em parafuso. Achei-me irresponsável, imatura, leviana. O coração disparou e amparei com as mãos suadas a cabeça acometida de uma tontura. Afinal quem sou eu para querer fazer de outra maneira, querer viver diferente? Não será isso arrogância, vaidade? Terei eu capacidade para seguir em frente? Não serei uma fraude?

Mas foi apenas um fogacho, um pensamento perverso que veio e se esfumou num ápice, uma ideia insidiosa que não encontra mais espaço na minha alma nem na minha cabeça para me massacrar, um sintoma ligeiro da Síndrome de Estocolmo que um dia, eu sei, desaparecerá de vez. Aqui, sentada à mesa da sala onde agora desenvolvo parte do meu trabalho, tudo faz sentido. Ao fechar os olhos para ver dentro de mim, tudo faz sentido. Quando vejo o meu rosto e o meu corpo reflectidos num espelho tudo faz sentido. Tudo bate certo. Tudo está em harmonia. Já não há dissonâncias, conflictos internos, medos e inseguranças injustificadas. E à noite, ao deitar-me, passo no teste derradeiro: adormeço de consciência tranquila e durmo profundamente.

Preciso apenas de resgatar a minha relação com o tempo, que há de ser a relação que eu quero, que eu hei de poder negociar e não a que os outros me impõem. Quanto ao stress, aceitá-lo-ei nas doses consideradas saudáveis, como um remédio homeopático, para me manter alerta e focada. E assim, lutarei por cumprir os meus sonhos. E isso, julgo, não é arrogância ou vaidade. É antes equanimidade.