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Workshop – Como dizer Não e estabelecer limites

limites

Ciclo de Workshops de Parentalidade Consciente (4 workshops), com a coach Fátima Gouveia e Silva

4º WORKSHOP: COMO DIZER NÃO E ESTABELECER LIMITES E CONSEQUÊNCIAS 

11 de abril, 19h – 21h30

 

O que é a parentalidade consciente :

A forma como nos relacionamos com as crianças influencia profundamente no desenvolvimento de uma auto estima saudável, e no seu crescimento e desenvolvimento como futuros adultos felizes e responsáveis. A Parentalidade Consciente é uma forma de estar na parentalidade que se baseia na tomada de consciência de que são os nossos hábitos enquanto pais o ponto de partida para criar relações fortes e saudáveis com as crianças. Parentalidade consciente é ter consciência das nossas intenções enquanto pais e estar preparado para refletir sobre a forma como os nossos hábitos e padrões de comportamentos estão alinhados com essa intenção. Mais do que aprender conceitos, é desaprender preconceitos: é um deixar ir de tudo aquilo que não serve a nossa intenção como pais, um desaprender de tudo que não promove relações saudáveis baseadas no amor incondicional e tudo aquilo que não ajuda os nossos filhos a crescer e prosperar emocionalmente.

 PROGRAMA:

4 – COMO DIZER NÃO E ESTABELECER LIMITES E CONSEQUÊNCIAS
(Consequências com Consciência)
* Identificar o que são limites
* Aprender a comunicar limites
* Como dizer que não
* Entender a diferença entre castigos, consequências naturais e consequências conscientes
* Exercícios práticos

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Objetivo dos workshops :
Ajudar os pais/ educadores a:
* compreender os princípios/valores da educação consciente
* gerir os relacionamentos com a criança de modo mais harmonioso, com mais empatia e presença – a intenção precede a ação
* promover a autoestima nas crianças de forma a prepará-las para uma vida de desafios em sociedade
* reconhecer padrões de resposta negativos e encontrar alternativas saudáveis,
* compreender e utilizar o método laser, assim como outras técnicas para identificar as necessidades das crianças
* aprender e desenvolver a linguagem pessoal; adotando estratégias para uma Comunicação consciente – verbal ou não-verbal – mais eficaz e orientada
* entender a diferença entre castigos e consequências – e entre obediência e Colaboração
* desenvolver características individuais positivas – maior capacidade de autoreconhecimento: autoconceito e sentimento de autoestima fortificados
* criar maior conexão consigo e com os outros

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Local: Cowork da Praia / Self
Morada: Praça do Junqueiro, nº3, Loja B, 2775-597 Carcavelos, Portugal, Tel: +351 218 084 370
Preço: 25 € | 90 € ciclo

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A formadora:

“Em 2013 tomei contacto com as áreas de Coaching e Desenvolvimento Pessoal e com a certificação internacional de Coaching e descobri um novo propósito. Desde aí, é um querer sempre saber mais, procurar, pesquisar, evoluir, perceber e melhorar quem sou e também ajudar os outros a melhorar.
Conhecer a Parentalidade consciente trouxe-me uma grande paz interior. Perceber que não há certos nem errados, mas há um caminho que nos permite uma maior consciência das escolhas que fazemos, do impacto que isso tem nos nossos filhos e é um caminho de conexão, amor e gratidão.
Aliar o Coaching e a PNL à Parentalidade Consciente permite-me ajudar outras mães a viverem uma vida mais plena, com maior harmonia e satisfação sentindo-se mais preenchidas porque encontram maior equilíbrio nas várias áreas da sua vida e porque através da Parentalidade Consciente conseguem melhorar relações com os filhos e em família.
O meu propósito é ajudar a fomentar uma forma de estar na Parentalidade que nos ajuda a viver esta experiencia de forma mais serena e consciente, sabendo que podemos fazer diferente e fazer diferença quando educamos as nossas crianças para mudar o mundo de amanhã. “

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Workshop – Como comunicar para ser ouvido

comunicar

Ciclo de Workshops de Parentalidade Consciente (4 workshops), com a coach Fátima Gouveia e Silva

3º WORKSHOP: COMO COMUNICAR PARA SER OUVIDO

21 de março, 19h – 21h30

 

O que é a parentalidade consciente :

A forma como nos relacionamos com as crianças influencia profundamente no desenvolvimento de uma auto estima saudável, e no seu crescimento e desenvolvimento como futuros adultos felizes e responsáveis. A Parentalidade Consciente é uma forma de estar na parentalidade que se baseia na tomada de consciência de que são os nossos hábitos enquanto pais o ponto de partida para criar relações fortes e saudáveis com as crianças. Parentalidade consciente é ter consciência das nossas intenções enquanto pais e estar preparado para refletir sobre a forma como os nossos hábitos e padrões de comportamentos estão alinhados com essa intenção. Mais do que aprender conceitos, é desaprender preconceitos: é um deixar ir de tudo aquilo que não serve a nossa intenção como pais, um desaprender de tudo que não promove relações saudáveis baseadas no amor incondicional e tudo aquilo que não ajuda os nossos filhos a crescer e prosperar emocionalmente.

 PROGRAMA:

3 – COMO COMUNICAR PARA SER OUVIDO
(Comunicação consciente)
* Identificar estilos de comunicação
* Aprender e desenvolver a linguagem pessoal
* Aprender a descrever comportamentos, necessidades e emoções de uma forma neutra
* Bloqueios à comunicação
* Exercícios práticos

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Objetivo dos workshops :
Ajudar os pais/ educadores a:
* compreender os princípios/valores da educação consciente
* gerir os relacionamentos com a criança de modo mais harmonioso, com mais empatia e presença – a intenção precede a ação
* promover a autoestima nas crianças de forma a prepará-las para uma vida de desafios em sociedade
* reconhecer padrões de resposta negativos e encontrar alternativas saudáveis,
* compreender e utilizar o método laser, assim como outras técnicas para identificar as necessidades das crianças
* aprender e desenvolver a linguagem pessoal; adotando estratégias para uma Comunicação consciente – verbal ou não-verbal – mais eficaz e orientada
* entender a diferença entre castigos e consequências – e entre obediência e Colaboração
* desenvolver características individuais positivas – maior capacidade de autoreconhecimento: autoconceito e sentimento de autoestima fortificados
* criar maior conexão consigo e com os outros

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Local: Cowork da Praia / Self
Morada: Praça do Junqueiro, nº3, Loja B, 2775-597 Carcavelos, Portugal, Tel: +351 218 084 370
Preço: 25 € | 90 € ciclo

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A formadora:

“Em 2013 tomei contacto com as áreas de Coaching e Desenvolvimento Pessoal e com a certificação internacional de Coaching e descobri um novo propósito. Desde aí, é um querer sempre saber mais, procurar, pesquisar, evoluir, perceber e melhorar quem sou e também ajudar os outros a melhorar.
Conhecer a Parentalidade consciente trouxe-me uma grande paz interior. Perceber que não há certos nem errados, mas há um caminho que nos permite uma maior consciência das escolhas que fazemos, do impacto que isso tem nos nossos filhos e é um caminho de conexão, amor e gratidão.
Aliar o Coaching e a PNL à Parentalidade Consciente permite-me ajudar outras mães a viverem uma vida mais plena, com maior harmonia e satisfação sentindo-se mais preenchidas porque encontram maior equilíbrio nas várias áreas da sua vida e porque através da Parentalidade Consciente conseguem melhorar relações com os filhos e em família.
O meu propósito é ajudar a fomentar uma forma de estar na Parentalidade que nos ajuda a viver esta experiencia de forma mais serena e consciente, sabendo que podemos fazer diferente e fazer diferença quando educamos as nossas crianças para mudar o mundo de amanhã. “

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Workshop – Como transformar desobediência em colaboração

desobediência

Ciclo de Workshops de Parentalidade Consciente (4 workshops), com a coach Fátima Gouveia e Silva

2º WORKSHOP: COMO TRANSFORMAR DESOBEDIÊNCIA EM COLABORAÇÃO

21 de fevereiro, 19h – 21h30

 

O que é a parentalidade consciente :

A forma como nos relacionamos com as crianças influencia profundamente no desenvolvimento de uma auto estima saudável, e no seu crescimento e desenvolvimento como futuros adultos felizes e responsáveis. A Parentalidade Consciente é uma forma de estar na parentalidade que se baseia na tomada de consciência de que são os nossos hábitos enquanto pais o ponto de partida para criar relações fortes e saudáveis com as crianças. Parentalidade consciente é ter consciência das nossas intenções enquanto pais e estar preparado para refletir sobre a forma como os nossos hábitos e padrões de comportamentos estão alinhados com essa intenção. Mais do que aprender conceitos, é desaprender preconceitos: é um deixar ir de tudo aquilo que não serve a nossa intenção como pais, um desaprender de tudo que não promove relações saudáveis baseadas no amor incondicional e tudo aquilo que não ajuda os nossos filhos a crescer e prosperar emocionalmente.

 PROGRAMA:

2 – COMO TRANSFORMAR DESOBEDIÊNCIA EM COLABORAÇÃO
(Necessidades vs Comportamentos)
* Definir intenções enquanto pais
* Entender a diferença entre obediência e colaboração
* Entender perigos de desenvolver a cultura da obediência
* Entender que comportamento é uma forma de comunicação
* Conhecer o modelo LASEr e a sua aplicação prática
* Exercícios práticos

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Objetivo dos workshops :
Ajudar os pais/ educadores a:
* compreender os princípios/valores da educação consciente
* gerir os relacionamentos com a criança de modo mais harmonioso, com mais empatia e presença – a intenção precede a ação
* promover a autoestima nas crianças de forma a prepará-las para uma vida de desafios em sociedade
* reconhecer padrões de resposta negativos e encontrar alternativas saudáveis,
* compreender e utilizar o método laser, assim como outras técnicas para identificar as necessidades das crianças
* aprender e desenvolver a linguagem pessoal; adotando estratégias para uma Comunicação consciente – verbal ou não-verbal – mais eficaz e orientada
* entender a diferença entre castigos e consequências – e entre obediência e Colaboração
* desenvolver características individuais positivas – maior capacidade de autoreconhecimento: autoconceito e sentimento de autoestima fortificados
* criar maior conexão consigo e com os outros

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Local: Cowork da Praia / Self
Morada: Praça do Junqueiro, nº3, Loja B, 2775-597 Carcavelos, Portugal, Tel: +351 218 084 370
Preço: 25 € | 90 € ciclo

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A formadora:

“Em 2013 tomei contacto com as áreas de Coaching e Desenvolvimento Pessoal e com a certificação internacional de Coaching e descobri um novo propósito. Desde aí, é um querer sempre saber mais, procurar, pesquisar, evoluir, perceber e melhorar quem sou e também ajudar os outros a melhorar.
Conhecer a Parentalidade consciente trouxe-me uma grande paz interior. Perceber que não há certos nem errados, mas há um caminho que nos permite uma maior consciência das escolhas que fazemos, do impacto que isso tem nos nossos filhos e é um caminho de conexão, amor e gratidão.
Aliar o Coaching e a PNL à Parentalidade Consciente permite-me ajudar outras mães a viverem uma vida mais plena, com maior harmonia e satisfação sentindo-se mais preenchidas porque encontram maior equilíbrio nas várias áreas da sua vida e porque através da Parentalidade Consciente conseguem melhorar relações com os filhos e em família.
O meu propósito é ajudar a fomentar uma forma de estar na Parentalidade que nos ajuda a viver esta experiencia de forma mais serena e consciente, sabendo que podemos fazer diferente e fazer diferença quando educamos as nossas crianças para mudar o mundo de amanhã. “

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“Nunca conheci ninguém realizado com relações insatisfeitas” conversa com Rossana Appolloni

relações

Estivemos à conversa com a Rossana Appolloni, nossa autora e com quem temos vindo a realizar um conjunto de workshops focados na relação que temos connosco e na relação que temos com os outros.

Rossana, nos últimos meses realizaste uma série de workshops na Self, focados na nossa relação connosco e na nossa relação com os outros. Qual a relevância dessas temáticas nos dias de hoje? Que balanço fazes desta experiência?

Tudo começa aí, na nossa relação connosco e, consequentemente, mas também, originariamente, com os outros. É um ciclo constante. É na relação com os outros que crescemos, é através da relação que formamos a nossa identidade, é na relação que se formam as nossas feridas emocionais, mas também é na relação que existe a possibilidade de transformação e ‘cura’. Em crianças dependemos dos nossos cuidadores, em adultos já somos – ou deveríamos ser –nós os cuidadores de nós próprios.

No entanto, por falta de conhecimento e de maturidade, emocionalmente falando ficámos presos na nossa criança ferida que ainda grita por atenção, carinho, aceitação, proteção, reconhecimento, e por aí fora… E temos legitimidade a isso tudo, desde que não seja como cobrança, exigência, chantagem, birra… ou seja, se ainda nos comportamos como crianças, o que vamos encontrar no palco da vida é um parque infantil onde todos andam às turras para ver quem ganha. Mas quem ganha o quê?! Afinal todos queremos apenas estar bem e ter relações que nos nutram e não que sejam campos de batalha.

Muita gente vem ter comigo e procura a minha ajuda na sequência de muita insatisfação e frustração na área dos relacionamentos, sobretudo amoroso. E verifico que sem relações que sejam fonte de bem-estar, dificilmente estamos bem. Nunca conheci ninguém realizado com relações insatisfeitas. Viver isolado no cimo de uma montanha também não é solução! Ganhar consciência do próprio processo de crescimento emocional é fundamental, pois é fácil olhar para os outros quando se olha pouco para si próprio. E a mudança está em nós. Mas isto assusta muita gente.

As pessoas resistem muito à mudança, pois não sabem o que vão encontrar. O desconhecido assusta demasiado. Mas eu não desisto! (risos) E vou estimular as pessoas até me fazer sentido para que se explorem e se descubram, pois é um percurso delicioso!!! Somos a pessoa mais importante da nossa vida e temos tanto medo da relação connosco. Que paradoxo! Somos a pessoa mais importante e queremos ter relações felizes quando nos recusamos a conhecer-nos e a termos uma relação connosco. Não pode ser! (risos)

Penso ter respondido à relevância da temática. Quanto ao balanço, é extraordinário! Muita gente nova, diferente, interessada neste processo de autodescoberta, pessoas participativas e curiosas, desde os 16 ao 70! Algumas pessoas vêm sozinhas, outras trazem amigos ou família; umas têm participado em todos e tornaram-se presentes fieis, outros aparecem de vez em quando. Tem havido de tudo, o que é muito enriquecedor do ponto de vista humano!

Nos próximos dias 14/03, 5/05 e 2/6, vamos ter encontros de aprofundamento, daquilo que foi abordado nos workshops anteriores. Porquê esta necessidade de ir um pouco mais além?

A necessidade veio da partilha de algumas pessoas ao mostrarem dificuldade em pôr em prática no quotidiano o que vão aprendendo nos encontros. Já perceber certas questões não é fácil, torná-las padrão no dia-a-dia nem se fala! Desde a compreensão cognitiva ao comportamento temos uma caminhada por vezes longa e difícil que nem todos se predispõem a fazer. Encontros deste tipo, psicoterapia, e/ou outras atividades terapêuticas que estimulem o nosso sentir é fundamental para continuarmos a crescer. Isto é um pouco como aprender exercícios no ginásio e depois ficar a olhar.

É preciso praticar, de preferência com amor e carinho apesar do desconforto, e a existência de um grupo é um terreno poderosíssimo. Nestes próximos encontros a ideia é estarmos abertos ao que as pessoas colocam como dúvida, dificuldade, ou simplesmente dar feedback através da sua partilha pessoal e trabalharmos a partir daí.

Questão: O que podemos esperar destes encontros?

aprofundamentoOlha, eu também não sei! (risos) Vamos ver o que acontece… Para mim é sempre com enorme gratidão que acompanho a generosidade das pessoas em se partilharem e a coragem que têm em o fazer. Coragem no sentido etimológico da palavra: agir com o coração. Precisamos disso, de pessoas que falem mais a partir do coração, com toda a sua vulnerabilidade e beleza, e menos a partir de uma cabeça que julga, que interpreta, que adivinha, que fantasia, que tem a mania que sabe tudo. Sabemos ainda tão pouco… mas o que vamos conseguido saber sobre nós é um passo importantíssimo.

Como diz um ditado chinês: ‘não tenhas medo de dar um passo, mas sim de ficar parado’; ou outro que gosto muito também que diz algo do tipo ‘qualquer conquista começa com um primeiro passo’. Não sei o que vai acontecer, mas conto com um ambiente de boa disposição e de seriedade, pois são elementos que prezo muito no meu trabalho, reflexo do que sinto ser a vida: leve e profunda.

Mais informações sobre os encontros de aprofundamento: aqui

 

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Lado a lado. Ou frente a frente.

lado

As relações que vivemos ao longo da vida vão marcando e moldando a nossa visão do mundo, vão alterando o nosso modo de pensar e de sentir. Não paramos de sofrer transformações, nada em nós é imutável. Resta saber se a mudança que advém de relações vividas vai no sentido de murcharmos cada vez mais ou, pelo contrário, florescermos e sentirmos que somos cada vez mais felizes, apesar da dor sentida no passado. Dor e prazer, tristeza e alegria, medo e entusiasmo… são tudo elementos presentes numa relação amorosa. Rejeitar o que nos fez sofrer é abdicar do que nos enriqueceu e fez de nós o que somos hoje.

Quando se tem uma desilusão amorosa há uma tristeza que transparece no olhar de quem acreditou e, mais uma vez, sente ter falhado. Acreditámos, entregámo-nos, lutámos, insistimos até perdermos as forças e admitirmos que toda a energia investida não passou de uma ilusão. E com a desilusão vem a tristeza, vem o vazio, vem o sofrimento de mais uma morte. Já nada será igual. A nossa planta murchou. Não morreu, mas deixou de viver. Sobrevive no meio do caos da vida. Sobrevive até encontrar outro alguém que vê a nossa beleza – ainda que murcha – alguém que nos dá água e alimento e nos faz acreditar que temos forças para florescer de novo. Até voltarmos a perder esse nutrimento e murcharmos mais uma vez.

O ciclo repete-se. Num determinado ponto deste percurso repetitivo, passamos a desacreditar que é possível outra coisa além de sobreviver apenas. Com o passar dos anos, quando alguém nos volta a ver, a coragem para nos entregarmos é diminuta. Agarramo-nos à crença de que a única forma de proteger e salvaguardar o que ainda resta de nós é assumir que o único lugar seguro é a solidão e o vazio. Aí já ninguém nos magoa, estamos a sós connosco próprios. Não vivemos a entusiasmante surpresa da vida que nos faz voar e tocar nas estrelas, mas também não vivemos a angustiante imprevisibilidade que nos faz precipitar a pique. Mas será que uma relação amorosa é esperar que alguém nos salve, nos nutra, cuide de nós, nos leve às estrelas e nos largue bem lá em cima?

Dar sentido a cada experiência vivida, aprender com cada momento de leveza e de tensão, aceder às dificuldades que existem no nosso interior para cuidarmos delas, potenciar as nossas forças e voar cada vez mais alto em liberdade, lado a lado com alguém, ou frente a frente, não será isso muito mais nutridor? As relações fazem parte das aventuras da existência para nos conhecermos, para contactarmos as nossas feridas que gritam por atenção, para percebermos quais são os nossos medos e tratarmos deles. Enquanto não o fizermos, iremos depositar no outro o poder de fazer isso por nós. E quando depositamos no outro essa responsabilidade, ficamos à mercê do seu ritmo e da sua dedicação.

Quando finalmente percebemos esse nosso mecanismo de esperar do outro uma tarefa que nos cabe a nós fazer, então convencemo-nos de que a vida não é voar e cair continuamente. Não pode ser. Mas cuidar de nós é extremamente difícil, não aprendemos a fazê-lo. Então, uma primeira reação será encolhermo-nos ainda mais e, sem darmos por isso, lá estamos nós outra vez a renunciar à vida. Murchamos por ter e perder, murchamos por não ter. Que paradoxo! Qual a lógica disto tudo?

Quando ganhamos a coragem de olhar para nós próprios, ouvindo os nossos medos e necessidades, dando-lhes o devido valor e aceitar que fazem parte de nós e que são indispensáveis ao nosso percurso de desenvolvimento, então ganhamos também a capacidade de os mostrar, não para que o outro cuide deles, mas para que o outro os veja e valide a sua vontade de estar connosco na mesma, de fazer parte da nossa vida. Lado a lado, ou frente a frente.

O amor incondicional é amar sem condições, sem exigências, sem pedidos. É ter a capacidade de olhar e de ver o outro, de se mostrar, de caminhar juntos no que a vida tem de complexo e de simples. Passamos a ser companheiros de viagem, durante a qual assistimos orgulhosamente ao florescimento do outro. Mas para isso temos de sentir que aprendemos com as experiências passadas. Aprender implica alargar a consciência, reconhecer que o que vivemos foi fundamental para o nosso presente e sentir gratidão por essa vivência. Aprendemos o suficiente para chegarmos onde estamos hoje. Precisávamos desse suficiente para chegarmos onde estamos hoje.

Com esta certeza, olhamos para trás e sentimos que tudo valeu a pena e que agora estamos mais preparados do que nunca para voar até às estrelas com alguém a nosso lado. Ou frente a frente.
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Narcisismo: Nem tudo é sobre nós

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Narcisismo: Nem tudo é sobre nós

O narcisismo é apresentado como o mal do nosso século, mas este traço presente na nossa personalidade nem sempre é nocivo. Existe um narcisismo saudável que se reflete num Self seguro de si próprio, estruturado, que reconhece o próprio valor, sabe o que quer, sabe como proteger-se e cuidar de si e identifica os recursos internos disponíveis para alcançar os seus objetivos. O narcisismo passa a ser nocivo, ou até mesmo patológico, quando entramos numa fantasia de superioridade, de sermos especiais e melhores do que os outros, o que nos dá uma certa sensação de legitimidade para fazermos o que quisermos, usando os outros a nosso favor, sem medir as consequências.

Todos nós temos uma certa dose de narcisismo, e ainda bem! Caso contrário não nos sentiríamos capazes de nada. O narcisismo surge na idade infantil aquando da estruturação do ego e nessa fase a criança acredita que o mundo gira à volta dela. Frequentemente se diz, por isso mesmo, que as crianças são egocêntricas. Quando elas querem um gelado querem-no aqui e agora e não empatizam minimamente com os impedimentos que os pais possam apresentar; uma criança, quando, por exemplo, vê o seu desejo de uns ténis de marca a ser recusado, começa a alimentar um ódio para com os pais, identificando-os como pessoas más. Não interessa se não têm possibilidades financeiras ou se os seus valores assim o ditam; o que interessa é que a criança associa a vontade negada a uma rejeição emocional enquanto ser.

Uma criança apenas vê o mundo a partir das suas lentes sem conseguir incluir as dos outros; quer tudo à sua maneira, de preferência rápido, e se os outros não correspondem são vistos como inimigos. Daí os pais, muitas vezes, acabarem por ceder às suas exigências e por condicionarem a vida em função dos filhos, passando estes a acreditar que são mesmo especiais, detentores de um poder capaz de mudar o mundo e os outros. Este estádio é normal e, em geral, ultrapassado. Porém, quando ficamos presos nele, significa que estagnámos no nosso processo de crescimento emocional e nos mantivemos num narcisismo que de saudável passa a tóxico.

Quantos de nós não parámos lá? Quantos de nós não ficámos presos numa visão rígida, achando que a sua perspetiva é a mais acertada? Quantos de nós não nos irritamos quando somos contrariados, quando as coisas não correm como queríamos, quando não alcançamos as nossas metas, quando o outro não responde do modo esperado? Muitos. Cognitivamente crescemos imenso, mas emocionalmente ainda somos bastante crianças.

Vamos então olhar para a nossa criança interior, aquela parte de nós que está cansada de se desiludir, de ver as suas necessidades não acudidas, de esperar que o outro nos veja e nos acarinhe, tal como queríamos que tivesse acontecido (ou acontecia) quando éramos crianças. Vamos olhar para a criança que ainda existe dentro de nós e que nos faz entrar numa tristeza profunda, ou numa zanga, quando o outro não corresponde ao que pedimos. Entramos em dor não só pela frustração de não termos o que queríamos, mas também pela crença que o outro não nos dá porque está contra nós, ou porque não gosta de nós o suficiente. Esta é a associação que uma criança faz.

O olhar do adulto consegue ver o outro e sentir e/ou compreender a sua dor. Se o outro está a ter um comportamento antipático não é para nos atingir, para nos magoar, para nos fazer mal – isso não faz sentido absolutamente nenhum em relações onde as pessoas se gostam –, mas deve-se sobretudo às suas dinâmicas internas que, por algum motivo, estão estagnadas num sofrimento que o leva a não agir de acordo com as nossas expectativas. Acreditar que o outro fez algo apenas para nos ferir é considerar que somos o centro da sua atenção, o que, na maioria dos casos, não se verifica. Cada um tem as suas batalhas internas, pelo que só uma visão narcisista tóxica acredita que o que o outro faz tem a ver connosco.

Claro que todos nos afetamos uns aos outros. Todo o nosso comportamento toca com maior ou menor intensidade consoante o tipo de relação e o tipo de feridas emocionais que cada um tem. De igual modo, o comportamento do outro também nos afeta consoante a nossa história. No entanto, não existe uma relação direta entre o que emissor faz e o que o recetor pensa e sente, pois depende das experiências dos envolvidos. Já me aconteceu vivenciar um atraso como um alívio, ou como um drama.
Somos todos diferentes, cada pessoa é um mundo e fixarmo-nos em interpretações únicas é contraproducente, pois alimentam uma fantasia pessoal que nos distancia da realidade e que poderá ser cor-de-rosa ou negra. Emocionalmente falando, a criança vive na fantasia, o adulto vive na realidade.

Nas discussões que vamos tendo pela vida, nos desentendimentos, nos desafios relacionais, é importante conseguirmos sair da nossa criança que amua ou entra nos seus dramas egocêntricos para conseguirmos olhar para a situação a partir de um lugar de adulto que vê a própria dificuldade e a do outro. Estamos em relação para nos ajudarmos a crescer, não para guerrear com vista a uma vitória. Não é suposto as relações serem batalhas, mas sim fonte de serenidade. Mas para isso temos de contactar com as nossas necessidades de adulto e ver a realidade por aquilo que ela é.

Temos de estar dispostos a abandonar o mundo perfeito que construímos na nossa imaginação. Ter essa disponibilidade é um passo para irmos largando um narcisismo infantil que não contempla os outros, para um narcisismo saudável que nos dá a autoestima e a autoconfiança para seguirmos o nosso caminho, onde incluímos os outros como nossos companheiros, não como inimigos.
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Conheço-me através de ti

Um dos maiores desafios nas relações é aceitar o outro tal como ele é. Aceitar não no sentido de nos sujeitarmos aos seus comportamentos, mas sim de olhar para ele e vê-lo por aquilo que ele realmente é, sem ilusões nem idealizações, e respeitar as suas escolhas, sem a insistência que alterem. Muitas são as vezes em que ficamos incomodados quando não vê as situações como nós, quando não pensa como nós, quando não sente o mesmo do que nós e quando não age como nós agiríamos na mesma situação. Queremos as pessoas à nossa imagem e semelhança e enquanto não tivermos consciência disso, as relações são uma luta para que os outros sejam mais como nós em vez de serem uma oportunidade de crescimento através das diferenças. Uma relação saudável não se baseia na tentativa de mudar o outro (sabemos que é invasor quando tentam fazê-lo connosco), mas sim de aprender a lidar com as diferenças e de crescer através delas.

Ouve-se dizer que o que nos incomoda dos outros corresponde a partes de nós: o chamado efeito espelho. «Mas incomoda-me porque sou assim?». Efetivamente, não faz muito sentido. Quando se diz que o outro é o nosso espelho significa que é através do impacto que o seu comportamento tem sobre nós que conseguimos aceder a partes nossas. Como quando nos olhamos ao espelho: é-nos enviado um estímulo (reflexo do nosso rosto) que tem um determinado efeito em nós próprios. Os estados de paixão também refletem o efeito espelho: não nos apaixonamos pela pessoa, mas pelo que ela nos faz sentir.

Independentemente do estímulo, ou seja, neste caso do outro, o que importa é o impacto que este tem sobre nós, pois o mesmo estímulo pode provocar sensações completamente diferentes em pessoas diferentes. Uma minha cliente contou-me a reação que os dois irmãos tiveram quando ela lhes disse que eram os homens mais importantes da sua vida: um deles ficou muito comovido e sensibilizado e o outro acusou-a de ser manipuladora e de fazer chantagem emocional. A reação de cada um diz muito sobre a história individual.

Assim, para prosperarmos nas relações e, percebermos o que se passa connosco e o que podemos e queremos melhorar, temos de nos questionar: o que estou a sentir neste momento? Que partes de mim é que estão a ser ativadas através da interação com esta pessoa? Que tipo de pensamentos me vêm à cabeça quando penso nela? Quando conseguimos desviar o foco do outro para nós próprios abrimo-nos a possibilidade de crescimento e mudança. Mantermos a atenção nas atitudes do outro é, pelo contrário, uma forma muito eficaz de fugirmos de nós.

O psicólogo Guy Winch tem uma TED Talk na qual explica que não conseguimos tratar das nossas feridas emocionais se nem sequer soubermos que elas existem! E a possibilidade de sabermos que elas existem é quando alguém toca nelas. É como ter uma ferida e não a ver , mas quando alguém nos abraça, a sua intenção estará longe de ser a de nos magoar, mas através do seu gesto somos tocados e isso magoa-nos. Porém, a ferida é nossa! A forma como nós pensamos e sentimos é exclusivamente nossa, não é do outro. Mas é o outro que nos ativa a forma de pensar e sentir, pelo que só através do outro temos esta fantástica oportunidade de entrar em contacto com as nossas dificuldades, bem como com todo o nosso potencial.

Quando encontramos alguém que nos irrita, fazer o exercício de se perguntar qual é a parte de nós que está a ser tocada não é nada fácil. Estamos tão habituados a olhar para fora, a depositar a atenção no outro – criticando, interpretando, julgando e culpando – que a nossa visão fica completamente turva e destorce o verdadeiro cerne da questão. Já Jung dizia que quem olha para fora idealiza e ilude-se; quem olha para dentro desperta. E é através desse despertar que temos a possibilidade de viver as relações de forma nutridora. Ter a humildade de nos pormos em causa e a coragem de enfrentar as nossas dificuldades leva-nos a crescer e a desenvolver todo o nosso potencial. Afinal, é para isso que aqui estamos: dar o melhor de nós próprios para nos sentirmos bem e sermos felizes. A relação é fundamental para isso, pois sozinhos não vamos longe. A relação dá-nos a possibilidade de conhecermos a nossa engrenagem: o que funciona menos bem e precisa de afinação e o que funciona melhor e apenas precisa de manutenção.

Através das dificuldades que sentimos na relação temos a oportunidade de sentir e perceber quais as dinâmicas internas que nos impedem de avançar para uma vida mais autêntica e feliz. Perante uma dificuldade temos duas opções: virar as costas e afastarmo-nos, ou olhar de frente e lidar com ela. A primeira leva-nos para outra relação onde nos havemos de deparar exatamente com a mesma dificuldade, o que significa que estamos a repetir um velho padrão. A segunda, talvez mais difícil e aparentemente mais dolorosa, leva-nos a entrar no jogo da vida para aprender e passar para outro nível de desafio. Crescer pode ser doloroso e leva tempo, mas qual a alternativa?

As dificuldades que sentimos vêm ativar as nossas necessidades. Uma alimenta a outra. Por exemplo, a dificuldade em sentir-se livre ou autêntico numa relação advém da necessidade de se sentir livre ou autêntico e não conseguir; sentir que o outro não nos dá afeto ou atenção está diretamente relacionado com a necessidade de ter afeto ou atenção e não estar a receber o suficiente. Portanto, as dificuldades que sentimos numa relação remetem para as nossas necessidades. Mas as necessidades são nossas e têm a ver com a nossa história de vida, não com o outro. O outro pode estar a fazer o melhor que consegue e, ainda assim, sentimos não ser na dose certa. Ora, uma relação saudável e nutridora é muito mais do que tentar colmatar as exigências um do outro.

Nas relações tóxicas de dependência, o outro existe para satisfazer as nossas carências e quando tal não acontece sentimos frustração, tristeza, rejeição, humilhação, abandono e traição; nas relações nutridoras conseguimos ir mais além e sentimos que a existência do outro nos ajuda a contactar com as nossas fragilidades, que devem ser vistas e cuidadas, bem como com as nossas potencialidade, que merecem ser reconhecidas e valorizadas. E isso só é possível quando olhamos para o outro como uma oportunidade de nos conhecermos a nós próprios e o escolhemos não como salvador, mas como companhia na viagem da vida.

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A minha presença no teu tempo

tempo

À beira da morte ninguém quer morrer. Mesmo quem sofre e não encontra sentido à vida, perante uma situação de possível morte o seu instinto de sobrevivência surge com toda a garra. Mas a vida dói. Custa. Ouvi uma entrevista onde se dizia que todos choramos, mas uns choram sozinhos e outros em companhia. Veio-me à memória uma pessoa que, em terapia comigo, de lágrimas no rosto, disse: ‘só consigo chorar aqui, contigo’.

Há quem recorra à psicoterapia porque é o único lugar onde se sente vista, ouvida, reconhecida como um ser importante, especial, com valor. É o único lugar onde alguém está ali para elas, a dedicar 100% da sua atenção, uma hora da própria vida a ouvir as suas histórias, repletas de dor e, algumas vezes, também de alegria. Uma hora da própria vida de que não me arrependo de dar, mesmo se chegando ao leito da minha morte me perguntassem se gostaria de recuperar aquele tempo.

Voltaria a dar o meu tempo àquelas pessoas porque não lhes estou a dar apenas o meu tempo, mas algo que considero muito mais precioso: a minha presença. É uma forma de cuidar do outro e, simultaneamente, de mim. E quando sentimos que cuidamos de nós, também na relação com o outro, não há espaço para arrependimentos. A nossa presença no tempo do outro, no nosso tempo. A presença de estarmos conectados com o nosso interior, com o que sentimos perante os estímulos que nos chegam de fora… como é que a sua história se reflete na minha? Qual o impacto que a sua tristeza e a sua dor têm em mim? Que pensamentos ativam os meus? O que é que isto tudo diz sobre mim? E como posso cuidar disso para crescer e ser um ser humano melhor, mais feliz?

O que é estar com o outro? O que é dedicarmo-nos ao outro? Dizem que o tempo é o bem mais precioso que temos e, por consequência, o maior presente que podemos dar a alguém. O tempo não volta atrás. O tempo não se recupera. O tempo desaparece para sempre. Cada minuto que passa é menos um minuto de vida que temos. Se nos focarmos verdadeiramente na importância que o tempo tem, talvez consigamos usá-lo de forma mais consciente, da forma como queremos viver todos os minutos que nos restam. Para isso temos de estar presentes. Para isso temos de ser presentes. Para isso temos de olhar, viver, sentir o momento presente, o tão badalado ‘aqui e agora’.

Quando nos focamos nas necessidades do outro e lhes damos parte do nosso tempo de vida, vamos exigir-lhe algo em troca, mesmo que inconscientemente. É inevitável. É a expectativa que criamos das relações. Dar para receber. É o mecanismo que conhecemos: ajudar, cumprir com uma obrigação, sermos úteis, caso contrário somos egoístas ou sentimos uma culpa que nos corrói. Mas e o que é estar numa relação onde acima de tudo nos respeitamos a nós próprios, nos valorizamos e nos tratarmos bem? O que é estar com o outro simplesmente porque queremos, porque nos faz bem, porque nos enriquece a alma? O que é estar com o outro sem desculpas, sem favores, sem obrigações, mas simplesmente porque sim?

O que é estar com o outro porque nos queremos pôr em causa e abrir a novos pensamentos, novas sensações e assim alargar o nosso campo de consciência? O que é estar com o outro porque nos faz rir, nos faz refletir, nos faz companhia enquanto choramos? O que é estar com o outro em presença, onde nos olhamos, nos vemos, nos sentimos e assim ficamos? O que é estar com o outro nessa plena liberdade de escolha, fruto exclusivo do nosso desejo e vontade de estar? Aí estamos a dar-nos ao outro e, simultaneamente, a receber porque nos estamos a dar a nós, pelo que deixa de haver espaço para exigências ou carências.

Num registo bastante comum, passamos do querer as coisas depressa, a fazer as coisas à pressa, e ao esperar que o tempo passe… Consumimos o tempo sem a nossa presença, vamos sobrevoando pelas pessoas que se cruzam connosco na vida sem as sentirmos, sem nos sentirmos. O que é estar com alguém que atende um telefone e fica na conversa como se não estivéssemos ali? O que é estar num messenger e receber a mensagem errada porque o outro estava a escrever a mais pessoas?

O que é ouvir uma pergunta repetida porque a nossa resposta não foi ouvida? Qual a presença do outro enquanto diz estar connosco? Que sensação de presença temos quando chegamos a casa e ninguém lê o vazio no nosso olhar? Ou o contrário: o que é estar em relação com alguém em plena ausência? É simplesmente trairmo-nos a nós próprios. É estarmos desligados de nós, é andarmos distraídos da vida, é não usufruir do maravilhoso presente que é o tempo.

A nossa vida, o nosso tempo, sem a nossa presença não tem valor. Estar presente é estar em contacto com o que se passa dentro de nós à medida que vamos acolhendo o que se passa fora de nós. Estar presente é estar conectado consigo próprio e devolver ao outro as nossas sensações, respeitando as ressonâncias internas que se vão tendo neste diálogo entre o exterior e o interior. Estar presente é sentir a nossa presença e a do outro, é entregar-se a esse espaço criado por ambos.

Quantas vezes estamos com alguém e sentimos ter perdido tempo? Para não perder esse tempo é necessário sentir que se ganhou e só se ganha quando sentimos que aquele encontro nos enriquece, nos muda, nos faz pensar, nos faz sentir. Só se ganha quando nos partilhamos, sem desculpas, sem favores, sem justificações, mas simplesmente porque sim. Porque quero estar presente no teu tempo e no meu.
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Terapia de Grupo

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O que é a Terapia de Grupo?

A terapia de grupo respeita o mesmo método e objetivos da psicoterapia individual, mas organiza-se através de um contexto em grupo onde aumentam as oportunidades de a pessoa se conhecer mediante a relação com os outros. O contexto emotivo-afetivo pautado pela confiança e pelo respeito mútuo facilita a consolidação de um sentimento de segurança e de pertença, diminui a resistência à mudança e expande a capacidade de aprofundar as relações interpessoais.
A experiência de grupo pode reforçar o espírito social e relacional, promover o processo de comunicação e reduzir as tensões. Mas o resultado mais notável reside porventura na mudança que introduz ao nível do comportamento da pessoa fora do grupo, na medida em que a ajuda a conhecer, expressar e expandir a sua verdadeira natureza.

Horário

Terças-feiras das 19.30 às 21.30
Início: 5 de setembro

Valor: 60 € mensais

Para participar é necessária uma entrevista prévia com a terapeuta Rossana Appolloni (marcações por email rossana.appolloni@gmail.com)

Testemunhos

“Embarcar nesta experiência foi o melhor investimento que alguma vez fiz em mim mesma! Com muito medo e insegurança apostei em desafiar-me e sair da zona de conforto. Através da partilha em grupo e do grupo encontrei espaço para sentir e através dos vários sentires, encontrei respeito, conforto, acolhimento, compaixão, ternura e sobretudo ACEITAÇÃO. Neste grupo, onde me sinto parte integrante, encontrei espaço para ser EU mesma, sem condicionalismos ou reservas! Eternamente GRATA!”
R.F.

“Tem sido um percurso de auto conhecimento muito enriquecedor, onde me fui desafiando a olhar para mim com verdade, onde se torna inevitável distinguir o que é meu do que não é (na esfera do sentir e do pensar) e onde vou aprendendo a respeitar e honrar o que não queria ver, o que não queria aceitar em mim. Sempre com amparo, acolhimento e ternura de todo o grupo, sobretudo nas alturas de maior desconforto. É sentir aconchego na dor e alegria na conquista.”
V.C.

“Num momento da minha vida que precisava de parar, criar tempos para mim e olhar para dentro para me redescobrir; iniciei um percurso terapêutico individual. Com paciência, sensibilidade e muito carinho foi-me lançado o desafio de fazer esse percurso em grupo. Foi um grande desafio, mas encontrei neste grupo uma confiança, apoio e aceitação que me têm ajudado, tornando o percurso menos só, e enriquecido, tornando esta experiência mais sentida e vivida. Não só por ter espaço e tempo para partilhar de mim, mas também por ao sentir as outras partilhas, acabar por entrar em contacto com outras partes de mim – o que a sós não seria possível. Ao descobrir o Outro, tenho-me descoberto muito, tendo no grupo um espaço sereno onde a autenticidade pode fluir naturalmente. Obrigada por partilharem comigo este percurso.”
S.L.

Sobre a Rossana Appoloni
Após uma primeira formação académica em Cinema na ESTC de Lisboa, Rossana Appolloni foi para Itália, onde conheceu a Psicossíntese, um modelo psicoterapêutico de natureza humanista-existencialista. É licenciada em Linguística e mestre em Psicolinguística pela Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Perúgia (Itália) e diplomada em Counselling pela Società Italiana di Psicosintesi Terapeutica de Florença, da qual é membro. É ainda mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Lusófona de Lisboa e, além de dar formação, dedica-se à prática do counselling individual e de dinâmicas de grupo.

É autora dos livros “Ousar Ser feliz – Dá trabalho mas compensa!” e “Do Sofrimento à Felicidade“, publicados pela Self.
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A liberdade de voar em relação

liberdade

Precisamos de colocar rótulos nas relações. Precisamos de lhes dar um nome, de definir o que são, de forma a legitimar as nossas expectativas. O que consideramos ter o direito de esperar de um parceiro é diferente do que consideramos ter o direito de esperar de um amigo, de um marido, do pai de um filho, do irmão, do vizinho… Catalogamos as pessoas que fazem parte do nosso mundo e, segundo a designação que lhe atribuímos, colocamo-las em compartimentos onde fica bem claro para nós o que podemos exigir delas.

Assim que a relação está definida, entramos num encarceramento e na ilusão do garantido. Deixamos de ter liberdade de escolha e de aceitação para passarmos a dar primazia ao compromisso que aparentemente nos une. O compromisso proporciona-nos a certeza incerta de que o outro não vai falhar, pois uma pessoa ‘séria’ é aquela que se predispõe a dar-nos o que é suposto, segundo o rótulo atribuído à relação. Se não o fizer, será acusada de traição. Resumindo: preferimos que o outro esteja sempre presente para satisfazer as nossas expectativas do que estar connosco na livre e consciente escolha de o fazer. Isto porque, se a escolha for mesmo livre, há o grave risco de um dia não nos escolher. E esse dia pode ser já hoje. Como sobreviver a tamanha incerteza?

É preferível viver com a falsa sensação de segurança de que o outro não nos vai abandonar, ou simplesmente nos vai sempre contemplar nas suas escolhas de vida, do que encarar a realidade de que o outro tem o direito, tal como nós, a qualquer momento, de fazer opções que vão numa direção oposta àquela de que gostaríamos.

Paradoxalmente, quando nos permitimos viver na liberdade, há muito mais abertura para um caminho em conjunto saudavelmente duradouro. Na sempre presente liberdade de escolha, respeitamos acima de tudo o compromisso individual connosco próprios, ou seja, de sermos fieis ao que sentimos, razão pela qual não há espaço para condicionamentos. Quando, pelo contrário, nos aprisionamos para que ninguém fuja, mais facilmente surge a vontade de o fazer. No dia em que se concretiza o inevitável inesperado, é com grande surpresa que perguntamos: ‘Como foste capaz?!’

Mas como havemos de pôr em prática esta liberdade quando o ser humano procura constantemente a estabilidade e a segurança? Na verdade, elas não são incompatíveis, mas o nosso medo do abandono é tal que a tendência é procurar a estabilidade de forma destorcida, como tudo o que é fruto do medo: preferimos agarrar do que deixar livre com receio que não volte. Quantas vezes não contrariamos aquilo que sentimos só para agradar, satisfazer e evitar discussões? Quantas vezes não nos traímos a nós próprios para cumprir com uma promessa feita, promessa essa que até poderá ter deixado de fazer sentido, mas que nos recusamos a admitir? Como aceitar e respeitar não só a vontade do outro, mas a nossa também?

Apenas na consciência e na aceitação de que o percurso de vida de cada um é mesmo só de cada um e que os outros existem para nos acompanharem nestas nem sempre fáceis aprendizagens, é que conseguiremos reconhecer, validar e até incentivar que deixemos a porta sempre aberta para voar e explorar mundos. Só assim seremos capazes de construir um terreno seguro, na certeza de que cada um volta simplesmente porque quer e não porque é ‘forçado’. Quando sentimos que a nossa estrutura interna está bem consolidada e que não há ninguém que a possa destruir, nem pela ausência, nem pela presença, então seremos capazes de voar e deixar voar.

Na liberdade as pessoas desejam-se; na autenticidade e aceitação crescem; na vontade genuína voam juntas.