
Vivemos uma época fantástica em que o conhecimento está tão acessível a todos que o procuram. Temos toda a ajuda disponível, para lidarmos com os dilemas, desafios e encruzilhadas da vida, quer seja em livros, seminários, cursos. Mas, paradoxalmente, nunca tanto como hoje esse conhecimento encontra dificuldade em ter um canal prático. A vida na sua correria, exigências, contrastes, pede-nos mais sabedoria, não só conhecimento. De onde vem essa sabedoria? Tem na verdade várias fontes, como a experiência, mas vou apenas cuidar de uma outra: as emoções. Na mesma linha, já muito se falou e se explicou mas ainda assim, nunca tanto como nestes nossos dias, vemos a dificuldade de cada um a lidar com os seus estados emocionais em especial os negativos, seja raiva, medo, tristeza.
A vida corrida, exigente, desligou-nos do nosso mecanismo inato para lidar, quer connosco mesmos quer com os outros, enfim o mundo à nossa volta. Passámos a ter medo de sentir, de olhar, enfrentar, cuidar e acima de tudo aprender a transformar. Limitamo-nos a uma existência asséptica, estéril, superficial, falsamente segura.
Num mundo em permanente mudança, o que hoje é novidade amanhã é obsoleto, procuramos respostas que só encontraremos no único lugar de onde fugimos, dentro de nós, no nosso equipamento emocional. Perceber que o nosso estado de espírito está directamente ligado ao que nos rodeia, desde o mais pequeno ao maior acontecimento do nosso dia-a-dia, já é um passo! Reconhecer que não posso livrar-me das minhas emoções, que sempre irei sentir algo, e sim, às vezes coisas que não gosto. As emoções dizem-nos que estamos vivos, que somos seres sensíveis, que as palavras, as cores, os cheiros, o tempo, nos tocam, mexe e remexe. Já pensou que no mesmo local do corpo onde sente o medo é o mesmo onde sente o entusiasmo, a excitação do novo, de uma aventura, da satisfação de um desejo realizado: o seu plexo solar (três dedos acima do umbigo).
E não, as nossas emoções não são um equívoco da Natureza, um qualquer erro ou ironia da Vida para nos infernizar o juízo. Não existem para serem abafadas, neutralizadas, ignoradas. Existem para nos orientar, proteger, são a fonte de sabedoria e informação que nos ajudam a interpretar, escolher, decidir. As emoções dizem-nos qual o impacto de determinada coisa em nós – é onde reside a nossa verdade! É onde reside a nossa verdadeira força, mas até lá chegar há todo um processo de reaprender a tirar o melhor das nossas emoções. Para não ficarmos em teorias e meras palavras, deixo algo bem prático por onde começar. Parece simples, mas é um desafio.
Comece por sentar-se, consigo, em silêncio, tranquilamente, coloque uma mão no seu plexo solar e pergunte-se: o que estou a sentir? Defina a emoção, podem ser várias e contraditórias, porque somos seres muito complexos. Pergunte de novo e aguarde, veja como isso o faz sentir, e RESPIRE! Faça disso uma rotina – a sua rotina de ecologia emocional!
Shivai.