Encarar tudo de forma mais simples, ou simplificar, é perceber que, por vezes, menos é mais. E o que será isto do “menos”?
Certamente que será algo diferente para cada um de nós e, conforme já referi, cada um de nós poderá fazer a sua interpretação e de acordo com o momento de vida que está a viver. Ainda assim, este “menos” simboliza claramente a diminuição de algo que nos aflige, que nos faz mal, mas de forma realista e sem ser através do evitamento. Ao fazer isso, permitimos que surja mais espaço na nossa vida ou dentro da nossa cabeça para que outras coisas se ampliem.
Creio que todos queremos ser felizes, genericamente falando, pois à parte as diferenças entre todos, o ser humano procura o prazer, a felicidade, a satisfação… Seja através da profissão, da nossa relação com os outros ou da forma como vivemos connosco (ou com tudo conjugado). No fundo, a forma como estamos na vida, virados para todos estes pontos cardeais e pautados pela simplicidade no estar, pode dar azo à potencialidade de estarmos saudavelmente conectados connosco e com tudo o que nos rodeia.
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E ao refletir um pouco concluí algo que pode ser um cliché, mas que é algo que podemos desejar e procurar encontrar: a melhor fase da nossa vida tem de ser aquela onde nos encontramos.
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O desafio maior que temos nas nossas vidas talvez não seja só sermos felizes, será também estarmos na melhor fase das nossas vidas, precisamente no momento em que nos encontramos com tudo o que isso traz. Sejam encontros ou desencontros. Este ponto de vista pode parecer pouco lógico, pois o ser humano não quer sofrer, mas na realidade, o passado não existe e o futuro ainda não se fez. Ambos residem dentro de nós e tanto podem ter um poder abissal e descontrolado como podem ser uma ferramenta útil.
A grande aprendizagem (e dificuldade) é estar presente no momento em que nos situamos, conectados, aceitando o que surge. Essa aprendizagem é a vida! E é algo para manter durante todo o tempo que temos.
Também quando estamos perdidos dentro das nossas confusões, less is more (menos é mais). Menos é mais porque, por vezes, o silêncio e o “não fazer” trazem‑nos mais frutos. E mais frutos é muito bom, nada menos, ou less. Less is more porque não atiça a fogueira do incêndio interno que, por vezes, nos consome. É como baixar o volume da nossa confusão interna. Less é a água que vem abrandar as labaredas e resfriar a temperatura. Mas Less is more but not good (menos é mais, mas não é bom), quando nos agarramos a isso para não fazer nada, não dar passos em frente e ficar na bolha (que é como quem diz, ficar no conforto de não fazer nada).
Como diz Larry Dossey, “não devemos romantizar o que é simples”, e nem sempre é fácil encontrar um meio‑termo ou um acordo entre aquilo que pode ser percecionado como simples. Como em tudo, é necessário encontrar um equilíbrio e entender de forma consciente quando é que é necessário parar e quando é que é necessário agir. É como encontrar uma saída mais simples no meio de tanto caos, interno e externo. E isso é, por vezes, o mais desafiante. De qualquer forma, saber encontrar este equilíbrio é a chave para outros equilíbrios da vida. E é através da experiência que conseguimos encontrar a sabedoria de o fazer da forma certa, no momento certo.
Faz este pequeno exercício:
- Quais os temas mais complicados na minha vida?
- Dentro desses temas, quais os que são da minha responsabilidade ou em quais posso agir?
- Em algum deles é possível não agir nem pensar nisso, nem que seja por um dia?
Em A vida não tem Mapa de Ana Caeiro