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A máquina de rotulagem

rótulos

Vamos pensar sobre: alunos e rótulos escolares.

É fácil e até natural atribuir rótulos às pessoas. Desde pequenos que nos ensinam a rotular as pessoas e situações como forma de protecção. Sabemos que a pessoa com aquelas características especificas com o rótulo “x” pode ser um grande perigo ou a nossa salvação.

Compreende-se então a existência destes “post-its imaginários” quando serve o propósito de nos proteger. E quando começam a limitar e bloquear as nossas interacções?

É desta forma que olho para o sistema escolar actual: cheio de limitações.
Será possível (e justo) os alunos, com características tão diferentes sejam avaliados da mesma forma?
Será possível (e justo) que escolas com critérios tão dispares sejam comparados?
Serão os resultados das avaliações sinónimo das competências reais (saber ser | saber estar | saber fazer) dos nossos jovens?

Avaliações/rankings – As questões anteriores não conduzem à resposta: não deve existir avaliação. Acredito e defendo que as avaliações permitem às escolas e comunidade escolar uma melhoria contínua mas, o sistema agora imposto e os critérios associados farão sentido?

Perfis – Outro tópico pertinente que nos ajuda nesta análise. Há o novo perfil do aluno, medida que afirma as diferenças de geração e a necessidade de desenvolver novas competências. Não será expectável que esta mudança ocorra transversalmente no corpo docente, comunidade escolar e sistema de ensino? Haverá um novo perfil do professor e do corpo não docente?

Geração Z – Esta é a nova geração de jovens, posterior à geração Y – millennials. O facto de os especialistas explicarem que há uma ruptura de geração, espelha os novos comportamentos e competências desenvolvidos. Nesta sequência, questiono se fará sentido o sistema escolar abrir as suas portas a metodologias mais diversificadas como acontece na Escola da Ponte ou na Escola de Carcavelos. Os casos anteriores são exemplo das boas práticas já implementadas em Portugal, onde os alunos são convidados a explorar diferentes formas aprendizagem e os seus talentos são reconhecidos e desenvolvidos.

Em vez de atribuir rótulos ou desenvolver métodos burocratizados para avaliação escolar, é importante direcionar os recursos para criar uma Escola menos julgadora e formatada, fomentando uma Escola potenciadora dos talentos dos nossos jovens.

Qual é o nosso papel? Dar ferramentas aos jovens para que possam tomar decisões informadas sobre o seu percurso académico e valorizar as suas competências e vocações. Assim teremos uma geração mais consciente que não viverá para encaixar nos rótulos, uma geração activa e criativa, potenciadora de novos talentos.

(este artigo rege-se pelo antigo acordo ortográfico)

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Adultos 2.0

adultos

Vamos pensar sobre: jovens adultos e o seu primeiro emprego.

Está claro que a nova geração é diferente. Falam de tecnologia, viagens e de desapego. E como será a sua entrada no mercado de trabalho?

Recentemente, num encontro sobre resiliência, uma das oradoras apresentava números alarmantes dos jovens que se demitem do seu primeiro emprego. Como chegámos até aqui?

Pensemos em conjunto:

Valores: há uma diferença significativa nos valores base entre gerações. Especialistas e estudiosos da área, abordam este gap acentuado entre gerações como uma “ruptura”. Podemos ainda analisar a postura e a capacidade de tomada de decisão destes jovens perante problemas quotidianos, há quem denomine como imaturidade, eu vejo como uma resposta diferente com as skills e condições que têm.

Soft Skills: como referido, os jovens adultos têm várias competências tecnológicas desenvolvidas, mas registra-se um decréscimo nas competências relacionais e de gestão pessoal e profissional. Fiquemos com a referência, dada por gestores, da sua dificuldade em lidar com a frustração.

Ofertas formativas: Temos óptimos exemplos de boas práticas e inovação em Portugal, mas o seu ritmo não acompanha a mudança dos jovens. É necessário reavaliar as estratégias de educação/formação e capacitar os estudantes/formandos com soft skills.

Mercado de trabalho: também aqui, há uma notória transformação. A forma como os jovens encaram termos como “carreira” ou “emprego” dá-nos a percepção clara da mudança de mindset profissional. Por outro lado, o mercado de trabalho sofreu restruturações que alteraram a forma como recebem os jovens trabalhadores, as condições oferecidas.

Depois desta reflexão fica a pergunta: qual é o meu papel na inclusão sustentável dos jovens no mercado de trabalho? Enquanto familiar e/ou profissional devo aprofundar as causas das mudanças e acompanhar/capacitar estes jovens para que possam desenvolver os seus talentos e potencial, facilitando a sua contribuição para o mercado de trabalho como todas as novas possibilidades que trarão.

Assim, teremos profissionais de excelência mas mais importante, teremos pessoas realizadas a viver o seu propósito de vida.

(este artigo rege-se pelo antigo acordo ortográfico)

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Medicamentos: O Remédio da Vida Moderna…

medicamentos

“Os alicerces da indústria farmacêutica são os chamados «Grandes 3 D»: depressão, diabetes e demência. Mas o grupo de medicamentos com maior crescimento no planeta são as estatinas, usadas para reduzir o colesterol. O medicamento que me foi dado quando saí do hospital.

As estatinas são fundamentais para compreender de que forma ficámos todos viciados em medicamentos. Quando tive o meu AVC, entrei na zona indefinida entre os prados soalheiros da saúde e o vale profundo da doença. A zona indefinida é onde a indústria farmacêutica obtém o seu lucro. Ampliando ao máximo a zona indefinida, a indústria farmacêutica maximizou o potencial da doença e tropeçou numa revelação. Em vez de tratar doenças existentes, medicariam a vida moderna. Reinventariam a doença rotulando as ansiedades e neuroses nebulosas da vida moderna como síndromas médicos. E, por isso, passámos a ter, por magia, mais doenças do que tínhamos há cinquenta anos.

Sofrendo um AVC, coloquei me na parte mais funda da zona indefinida em que os medicamentos são encarados como «medida preventiva sensata». Mas milhões de pessoas em todo o planeta que tomam Simvastatin nunca tiveram um AVC. Porque lhes foram receitadas estatinas? Alguns dias depois de ter alta, fiz essa pergunta ao médico que se ocupou de mim: «Quer a explicação oficial ou o que penso?» As duas coisas. «Muito bem. A explicação oficial é que, mesmo que a hipótese de AVC seja de 0,05%, deverá tomar estatinas durante o resto da vida.» E o resto das pessoas?

«Há mais ou menos uma década, as empresas farmacêuticas deram carta branca aos médicos para receitarem estatinas não apenas para prevenir enfartes mas para tudo. Por isso, receitamo-las como rebuçados a quem tiver mais de quarenta anos, como medida preventiva. Isto é comparado ao paciente com a instalação de um sistema antigelo no carro ou com a limpeza rotineira do interior de uma chaleira. Mas não sabemos em quem funcionam», continuou. «Pode ser em menos de 5%, com os restantes 95% a tomá-las inutilmente. Mas há uma coisa certa. Há um vencedor nisto: a indústria farmacêutica.»

Em 1980, Henry Gadsen, CEO da Merck Pharmaceuticals, foi entrevistado pela revista Fortune. Os seis gigantes farmacêuticos estavam em apuros pela primeira vez nos seus cento e cinquenta anos de história. A explosão de drogas receitadas no pós guerra, atingindo o seu auge nos anos 60 com o Valium, passou a estar ameaçada. As patentes que tinham alimentado a sua transformação de lojas de esquina oitocentistas em conglomerados multinacionais do século XX estavam prestes a tornar se genéricas. E acontecia com todas em simultâneo.

A solução de Henry Gadsen para o fim das patentes era arrojada na sua formulação. «O problema que enfrentávamos era a limitação do potencial dos medicamentos aos doentes», disse à revista Fortune. «Poderíamos ser mais parecidos com a pastilha elástica Wrigley’s… Há muito tempo que sonho fabricar medicamentos para pessoas saudáveis. Para poder vendê-los a toda a gente.»

(…)

Uma parte da profecia que se concretiza a si mesma de uma sociedade sobremedicada é o facto de, depois de criada, os medicamentos passarem a ser exigidos. A Dra. Williams diz que tem pacientes que a procuram porque o seu animal de estimação morreu, exigindo antidepressivos. Estão tristes, diz, e não deprimidos. E a tristeza faz parte de se ser humano. Mas porque esta infelicidade não se integra na brochura publicitária da vida moderna, exigimos medicação para a obliterar. «As pessoas têm uma expectativa de que a felicidade deverá ser uma normalidade perpétua. Não é, mas criámos esta expectativa pouco realista de que deverá ser» e as drogas estarão lá para permitirem que aconteça.

Vince Parry trabalhou para a Eli Lilly nos Estados Unidos, onde o antidepressivo Prozac foi originalmente desenvolvido como medicamento dietético. Não tinha sucesso como ferramenta para auxiliar a perda de peso até alguém na empresa ter uma epifania. Loren Mosher, psiquiatra de Princeton, acreditou que o melhor seria afastar o Prozac do emagrecimento e vendê-lo no mercado da depressão. O medicamento estava prestes a criar a indústria da felicidade.

A felicidade é uma aspiração humana universal, mas a expectativa de felicidade perpétua, de acordo com a Dra. Williams, deixou-nos mais deprimidos e aumentou a sensação de desadequação nos pacientes. A meta a alcançar passou a estar mais distante e tudo o que não conseguir alcançá-la não poderá ser tolerado quando temos expectativas pouco realistas de sentir felicidade total em permanência, exigindo medicação para manter esse estado.

E, para alterações de humor subtis e com graus variáveis que não se encaixem neste estado de graça emocional, temos síndromas definitivas e drogas para nos deixarem nas nuvens. Os medicamentos receitados tornam-se um sedativo normalizado para qualquer estado: euforia maníaca, inquietação, tédio, depressão, superação de expectativas e exaustão, pobreza e tudo o que encaixar entre esses elementos. Medicamentos para lidar com a vida moderna, com os quais Henry Gadsen sonhou, e um comprimido para atordoar qualquer sensação. E em nenhum aspeto esta classificação e atordoamento com medicamentos será mais comum do que com crianças «difíceis», diagnosticadas aos milhões com TDAH (transtorno do défice de atenção e hiperatividade).

Mais de seis milhões de crianças americanas, 11% entre os quatro e os dezassete anos, foram diagnosticadas com TDAH (transtorno do défice de atenção e hiperatividade). O número duplicou numa década e conhece aumentos graduais de ano para ano.

Em San Bernardino, assisti a uma sessão terapêutica entre um psicólogo e uma criança de nove anos diagnosticada com TDAH. Foi diagnosticada pela primeira vez aos cinco anos, mesmo que o terapeuta ajude crianças com idades tão precoces como os três anos. O rapaz mostrou-se nervoso do início ao fim. Quando lhe foi perguntado porque estava ali, murmurou que não sabia. Quando lhe foi perguntado como se sentia, começou a torcer furiosamente os dedos. Perguntei aos seus pais porque era assim. «Está medicado.» Acham que isso lhe é benéfico? «Concentra-se muito mais na escola, sem dúvida.» Como foi diagnosticado? «Não achámos que tivesse um problema, mas, quando começou as aulas, a professora disse que achava que tinha TDAH e foi diagnosticado.» Não acharam que houvesse um problema antes? «Não.» Quantas crianças na turma são como ele? «Cerca de 30% têm TDAH.»”

Leia mais no nosso livro: “Done! Os negócios secretos que estão a mudar o mundo“, de Jacques Peretti

 

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Vamos dar-lhes música?

música

Ando a habilitar-me. Um dia destes desço do metro com um olho negro ou saio de um autocarro com uma mão marcada no rosto. Se não acontecer pior. Uma vez, houve até uma senhora que, já na rua, me abordou e disse: “Menina, isso um dia corre mal. Mais vale ficar calada.”

Sinceramente, não sei porque ficam as pessoas tão ofendidas comigo. Sou sempre muito educada quando as abordo e os meus pedidos, feitos num tom calmo, incluem expressões de cortesia como, por exemplo: “Não se importa de tirar os pés do assento, por favor?” Por norma, recorro também a um ligeiro sorriso, para deixar claro que venho por bem.

Nestes casos, nunca obtenho resposta. Limitam-se a tirar os pés do assento e mantêm-se em silêncio, de cara enfiada no telemóvel. Houve um único jovem que me pediu desculpa e disse que eu tinha razão. Dessa vez fui eu que fiquei sem palavras. Lembro-me de ter pensado que tinha perdido uma boa oportunidade para usar a expressão de cortesia “por obséquio”, de que gosto tanto. Ele teria percebido. Os outros poderiam ter pensado estar a insultá-los, à laia de “inoque”.*

As coisas azedam verdadeiramente e o tom sobe muitíssimo quando o assunto é a música. Insisto na expressão de cortesia e no sorriso — “Não se importa de usar auriculares ou de desligar a música, por favor?” Porém, neste caso obtenho sempre reações viscerais e, pior!, devolvem-me sistematicamente uma pergunta desconcertante, reveladora de um grau grave de alienação (ou será egoísmo? Ou será má educação? Ou será falta de civismo?): “Mas isto está a incomodar?!”

“Não meu energúmeno adorável, não está a incomodar nadinha. Apenas decidi sair à rua e implicar consigo, porque sim.” É o que me apetece responder. Mas opto pela sinceridade e apelo à consciência do meu interlocutor: “Está a incomodar sim. O que o leva a achar que tem o direito de nos impor a sua música? Já pensou no que aconteceria se todos nós nos comportássemos da mesma maneira e cada um ouvisse alto e bom som a música que lhe apetece? Acha que ia ser agradável?” Em vão… Raras são as vezes que desligam a música ou recorrem a auriculares. Houve quem aumentasse o volume. Houve quem me insultasse. Que tenho “a mania” foi do mais suave que ouvi. Há umas semanas, um jovem retorquiu-me que se usasse auriculares eu ouviria a música na mesma. Caí no erro de lhe explicar que se os auriculares fossem de alguma qualidade isso não aconteceria. Acusou-me de estar a insinuar que ele não tinha dinheiro para comprar auriculares de qualidade.

Nestas circunstâncias nunca sei o que me desorienta mais, se o absoluto desrespeito destas pessoas pelos outros utentes dos transportes públicos, se o pesado silêncio que se faz invariavelmente à minha volta. Nunca ninguém ­— ninguém! — me apoiou nestas iniciativas. O desconforto torna-se palpável, não sabem onde pousar o olhar. Afinal, quem é mais alienado?

As Condições de Utilização de Transportes Coletivos do Porto (STCP), dizem preto no branco, na alínea “h” do Artigo 188º que “Aos passageiros de transportes coletivos é proibido utilizar aparelhos de T.S.F. [vulgo rádio; este código está a precisar de uma atualização urgente…] ou fazer barulho de forma a incomodar os restantes passageiros.” As Condições Gerais de Transporte do Metro do Porto deixam também muito claro na alínea “t” do Artigo 4º, que é proibido “Utilizar aparelhagem sonora, ou fazer ruído, de forma a incomodar os outros clientes no interior dos veículos.” Paralelamente, em 2015 foi publicado no Diário da República um novo diploma que prevê multas até 250 Euros para os utentes de transportes públicos que coloquem os pés nos assentos ou façam barulho que incomode os outros passageiros. Mas quem lê estas letras pequenas? Ninguém, certo? Sobretudo gente que não tem aquela parte do cérebro onde costuma alojar-se o bom senso. Ou porque nasceu sem ela ou porque por falta de uso se desligaram esses circuitos neuronais.

A minha experiência enquanto utente dos transportes públicos no Porto diz-me que não há fiscalização. Já vi elementos das equipas que zelam pela segurança no Metro do Porto e nos STCP passar por utentes em atitudes desordeiras, como as que descrevi, sem fazer qualquer reparo. Não lhes compete? Não querem saber? Dá muito trabalho? Terão medo? A única preocupação é fiscalizar os títulos de transporte. Desde que os tenhamos em dia e validados podemos comportar-nos como animais.

No respeitante aos pés nos assentos ainda não pensei no que podemos fazer. Mas quanto à música ocorreu-me há dias o seguinte: à falta de fiscalização, julgo que podemos todos incorrer numa desobediência civil massiva sem riscos de coimas e proponho que, na presença de alguém a impor-nos a sua música, puxemos todos dos nossos telemóveis e ponhamos a tocar uma melodia bem alto. Mais ou menos como um flash mob.

Heim, que dizem? Não gostam de flash mobs? Gostam mais de ficar calados, é? Bem… Vou então escrever ao Presidente da República. O meu plano b é mais ambicioso: pedir-lhe que apadrinhe uma campanha nacional em prol do civismo. Sugiro desde já as empresas de telecomunicações para principais patrocinadoras da iniciativa.

*Referência ao conto “A Palavra Mágica” de Vergílio Ferreira. Num diálogo alguém usa a palavra “inócuo” que os habitantes da aldeia, por não lhe entenderem o significado, acham ser insultuosa. Deturpam-na e começam a chamar “inoque” uns aos outros quando pretendem ofender-se.

 

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Tanto sacrifício… Para quê?

férias

Hoje em dia tornou-se normal vivermos para o trabalho. Trabalhamos mais de oito horas por dia, muitas vezes seis dias por semana. Há pais que mal veem os filhos, casais que vivem juntos e mal se conhecem. Trabalham sem parar, sempre a pensar nas desejadas férias que tanto demoram e depois passam tão depressa. Juntam dinheiro para fugir da rotina por quinze dias, enquanto passam todos os outros dias do ano absolutamente infelizes. Para quê?

A maioria de nós não sabe viver no presente. Estamos sempre à espera das próximas férias, do próximo Natal, da próxima escapadinha. Sempre à espera de momentos efémeros que nos escapam por entre os dedos e, mesmo enquanto estamos a vivê-los, já estamos a pensar no que vamos fazer a seguir, por isso nem esses momentos aproveitamos verdadeiramente.

Isto parece-lhe razoável? Provavelmente não, mas então porque é que insistimos em viver assim? Estamos condicionados por uma sociedade que nos ensina a nunca estarmos satisfeitos com o que temos, que nos promete que seremos mais felizes quando formos para um hotel de cinco estrelas, quando tivermos um carro novo, quando formos promovidos no emprego. Quando, quando, quando? Um dia, quem sabe!

Pare. Pense.

Não seria bom sentir-se todos os dias como se estivesse de férias? Eu sei, todos temos de trabalhar, mas se o seu emprego lhe torna os dias assim tão cinzentos que passa o dia a suspirar pelo sol das férias perfeitas que nunca chegam, não acha que está na hora de mudar? E se não puder mudar de emprego? Também não é desculpa: mude a rotina. Arranje uns minutos para si todos os dias, uns minutos apenas para se sentir bem. Comece um novo passatempo, leia um capítulo de um livro, dê uma caminhada, veja um episódio da sua série preferida, converse com aqueles de quem mais gosta. Não importa o que faz, mas enquanto estiver a fazê-lo, tente não pensar em mais nada. Desfrute apenas do presente e sinta-se bem agora.

Ficar à espera das próximas férias? Para quê?
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A nossa imagem, a autoestima e a influência da sociedade

imagem

A imagem. Quanto mais olhamos para as imagens perfeitas em que a nossa sociedade assenta mais procuramos esses ideais em nós mesmos e se não os encontramos, pior nos sentimos.

Crescemos moldados pelos parâmetros e ideais da sociedade, provavelmente mais do que aquilo que achamos. Começa quando somos ainda crianças, com a nossa família e a escola. E já mais tarde pelas interações que vamos tendo. Hoje mais do que antigamente, não só através das pessoas com quem nos relacionamos mas também através dos media.

Os media tornaram-se num veículo para o reforço das crenças e valores sociais, definindo e projetando o ideal de imagem. Como deveríamos ser como pessoa: fisicamente e personalidade. Se calhar inconscientemente, quase todos nós fazemos parte deste ciclo: avaliamos e somos avaliados.

Dizem-nos que estas imagens irrealistas e estes corpos perfeitos é que são o normal, o desejável e o objetivo a alcançar.
Assistimos a uma intolerância no que diz respeito à diversidade do corpo. Ser magra, tonificada, ter uma pele radiante e um cabelo perfeito, são associados a persistência, trabalho árduo, sucesso, confiança e disciplina. Os nossos valores e personalidade passaram a estar assentes na nossa imagem física.

Como sair deste ciclo e criar uma imagem forte e positiva?
  • A nossa aparência física e a preocupação que temos com ela deve estar totalmente assente num único princípio: a nossa saúde. Não vamos fazer dieta e desporto por uma imagem como a da Kim Kardashian. Vamos sim comer bem  e fazer exercício pelo nosso bem-estar. Porque teremos menos problemas físicos, sentiremos mais energia, estaremos melhor psicológica e emocionalmente;
  • Nem tudo são números. O peso na balança não deve ser uma obsessão. É um fator indicativo e que varia de pessoa de pessoa;
  • Aceitar o nosso tipo de corpo. Podemos estar em forma, comer saudável, mas há características próprias do nosso corpo. Devemos respeitar e amar o nosso corpo;
  • Acabar com as comparações. Os nossos objetivos deverão ser estabelecidos por nós e pela nossa felicidade, tendo em conta o que somos e a nossa realidade. Não devem ser definidos por estereótipos ou por uma foto de alguém. Muitas vezes por detrás dessa foto está uma pessoa mais infeliz que nós!;
  • Assentar a nossa autoestima no nosso amor-próprio e não em modelos/aceitação externos. Estarmos sólidos do nosso valor e de aquilo que somos é um trabalho pessoal e interior. Não é negarmos o que somos e querermos ser o que está na moda;
  • Aceitar as diferenças. Não avaliarmos alguém pela sua aparência. Formas e tamanhos não são definições de carácter, inteligência e valores.